Governador de Cabo Delgado diz que população "continua a circular"

O governador de Cabo Delgado, norte de Moçambique, afirmou hoje que a província permanece ativa e que a população "continua a circular", após a Embaixada de França ter alertado contra deslocações ao território devido aos ataques terroristas.

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Lusa
17/02/2024 12:22 ‧ 17/02/2024 por Lusa

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Moçambique

"A província continua ativa, as atividades estão em curso. A população continua a circular e a realizar as suas atividades. Quem vem visitar Cabo Delgado visita da melhor forma, realiza as suas atividades e regressa para a sua origem sem percalços", afirmou Valige Tauabo.

A Embaixada de França em Moçambique está a apelar aos cidadãos franceses para não viajarem para as cidades de Mocímboa da Praia, Pemba e Palma, em Cabo Delgado, devido à "ameaça terrorista".

"Devido à presença de uma ameaça terrorista e de rapto nas cidades de Mocímboa da Praia, Pemba e Palma, é fortemente recomendado não viajar para estas cidades, bem como viajar nas estradas que ligam estas localidades", lê-se numa mensagem aos viajantes publicada na quarta-feira pela Embaixada de França em Maputo.

"Ficamos preocupados porque são os nossos primeiros parceiros", reagiu ainda Valige Tauabo, defendendo que este é "o melhor momento" para os empresários definirem o investimento em Cabo Delgado.

"Depois vai encontrar tudo ocupado e fica tarde", apontou, reconhecendo ainda assim que o alerta da Embaixada da França serve como uma forma de aumentar a vigilância na província.

A multinacional francesa TotalEnergies tem planeada a construção de uma central nas proximidades de Palma, para produção e exportação de gás natural, avaliada em 20 mil milhões de dólares (cerca de 18,6 mil milhões de euros), mas a obra está suspensa desde 2021 devido aos ataques terroristas.

Nas últimas semanas têm sido relatados casos de ataques de grupos insurgentes em várias aldeias e estradas de Cabo Delgado, inclusive com abordagens a viaturas, rapto de motoristas e exigência de dinheiro para a população circular em algumas vias.

O grupo extremista Estado Islâmico (EI) reivindicou na quarta-feira a autoria de um ataque terrorista em Macomia, em Cabo Delgado, e a morte de pelo menos 20 pessoas, um dos mais violentos em vários meses.

Através de canais de propaganda, o grupo terrorista documentou o ataque a uma posição das forças armadas moçambicanas, levando material bélico, e reivindicou ainda outro ataque em Chiúre.

Contudo, o administrador distrital de Macomia, Tomás Badae, confirmou na segunda-feira que os grupos de insurgentes que atuam em Cabo Delgado atacaram uma posição das Forças de Defesa e Segurança (FDS) no distrito.

O ataque aconteceu entre a noite de sexta-feira e a madrugada de sábado passado, entre 23:00 e 03:00 (21:00 e 01:00 em Lisboa), no posto administrativo de Mucojo, a 45 quilómetros da sede distrital de Macomia: "Tomaram, sim, a posição e assaltaram-na, mas não temos mais informação se ainda estão lá ou já abandonaram".

Na terça-feira foi confirmado o ataque, também agora reivindicado pelo EI, no distrito de Chiúre, com a destruição de várias infraestruturas e igrejas.

O ataque começou por volta das 17:00 (15:00 de Lisboa) de segunda-feira e prolongou-se até quase à meia-noite.

O alvo foi a sede do posto administrativo de Mazeze, no interior do distrito de Chiúre, onde os rebeldes atearam fogo ao hospital, secretaria do posto administrativo e a residência da chefe do posto administrativo, avançou o administrador distrital de Chiúre.

"As infraestruturas estão basicamente destruídas", disse Oliveira Amimo, acrescentando que os rebeldes destruíram a capela pertencente à Igreja Católica.

"A parte de infraestruturas privadas, a capela dos padres, também foi destruída e neste momento o inimigo continua nas matas", acrescentou.

A província de Cabo Delgado enfrenta há seis anos alguns ataques reivindicados pelo EI, o que levou a uma resposta militar desde julho de 2021, com apoio do Ruanda e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos do gás.

Leia Também: Moçambique investiu 17,5 milhões em 769 casas de baixa renda

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