"Vamos rever a lista das nossas sanções", disse o alto representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, numa conferência de imprensa no final do Conselho de Ministros dos Negócios Estrangeiros da UE, para o qual foi convidada a viúva de Navalny, Yulia Navalnaya.
Os ministros dos Negócios Estrangeiros europeus emitiram uma declaração na qual expressaram a sua indignação pela morte de Navalny, pela qual responsabilizaram o Presidente russo, Vladimir Putin, e o seu regime.
Transmitiram as suas condolências a Navalnaya, que deixou claro durante a sua participação no Conselho que "Putin não é a Rússia e a Rússia não é Putin", afirmou Borrell.
O chefe da diplomacia da UE reconheceu a dificuldade em identificar os responsáveis diretos pela morte de Navalny na remota prisão do Ártico para onde foi transferido em dezembro.
"Não creio que a informação seja muito clara a esse respeito, mas é isso que os órgãos técnicos dos meus serviços terão de analisar em conjunto com os Estados-membros", afirmou.
"A UE não se poupará a esforços para responsabilizar os dirigentes políticos e as autoridades russas, em estreita coordenação com os nossos parceiros, e para impor novos custos pelas suas ações, nomeadamente através de sanções", afirmaram os ministros na sua declaração.
Em homenagem a Navalny, os ministros chegaram também a um acordo político para dar o seu nome ao quadro jurídico da UE para sancionar as violações dos direitos humanos em todo o mundo, tal como proposto por Borrell.
O regime é semelhante à Lei Magnitsky dos EUA, que recebeu o nome do advogado Sergey Magnitsky, que morreu sob custódia em 2009 depois de ter denunciado um esquema de corrupção multimilionário que envolvia altos funcionários russos.
Os ministros europeus insistiram que a Rússia deve permitir uma investigação internacional independente e transparente sobre as circunstâncias da morte súbita do líder da oposição.
Os 27 apelaram à libertação imediata das centenas de pessoas detidas na Rússia por terem prestado homenagem à memória de Navalny.
Os ministros elogiaram o trabalho de Navalny contra a corrupção em toda a Rússia, "uma mensagem que apelou a muitos em todo o país", razão pela qual acreditam que "Putin e o seu regime o temiam", nomeadamente no contexto da guerra de agressão em curso contra a Ucrânia e das eleições presidenciais russas de março.
Borrell também abordou o apoio à Ucrânia, na sequência da invasão russa em curso desde fevereiro de 2022. A este respeito, o responsável disse que hoje esclareceu os Estados-membros de que podem ser reembolsados através do Mecanismo Europeu de Apoio à Paz (MEP) se decidirem comprar armas para Kiev a fornecedores não europeus "porque consideram que estes obtêm melhores condições" ou as fornecem "mais rapidamente".
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