RCA: EUA pedem a autoridades que levantem restrições a drones
Os Estados Unidos (EUA) voltaram hoje a apelar às autoridades da República Centro-Africana (RCA) para que "levantem imediatamente" as restrições impostas aos sistemas aéreos não tripulados, considerando que limitam o combate a grupos armados e a proteção dos civis.
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Mundo RCA
Numa reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU), o embaixador norte-americano Robert Wood avaliou que as restrições impostas pelo Governo da RCA aos voos de drones "limitam gravemente" a capacidade da missão da ONU na República Centro-Africana (Minusca) de "manter a consciência num ambiente de segurança dinâmico, dificultando assim os esforços para combater os grupos armados e proteger os civis".
"Estas restrições também colocam as forças de manutenção da paz em risco acrescido. Apelo mais uma vez às autoridades da RCA para que levantem imediatamente estas restrições. Considero profundamente preocupante que durante o 'briefing' da Minusca, há um ano, eu tenha feito o mesmo pedido ao Governo. Como eu disse na ocasião, levantar restrições e substituí-las por outras não é progresso. Isto deve parar", apelou Wood.
O diplomata norte-americano manifestou-se ainda "alarmado" com relatos de que o grupo paramilitar russo Wagner e as Forças Armadas Centro-Africanas (FACA) incendiaram uma aldeia inteira após uma operação em 24 de dezembro, o que resultou na deslocação de 750 famílias, tendo ainda criticado a obstrução do trabalho da Minusca pelas FACA.
"A obstrução dos comboios de missão pelas FACA, muitas vezes quando em operações conjuntas com o pessoal do Wagner, é inconsistente com a obrigação da RCA relativamente ao Acordo sobre o Estatuto das Forças de permitir à Minusca liberdade de movimento total e irrestrita em toda a RCA. Tal obstrução limita a capacidade da missão de proteger os civis e monitorizar as violações e abusos dos direitos humanos", defendeu.
Além disso, os EUA indicaram estar "profundamente preocupados" com os relatos de violações e abusos dos direitos humanos, bem como com casos de violência sexual e de género relacionada com conflitos na RCA, tendo apelado ao Governo centro-africano para que responsabilize os perpetradores.
Na reunião de hoje, a representante especial da ONU para a RCA e chefe da Minusca, Valentine Rugwabiza, apresentou ao Conselho de Segurança os últimos desenvolvimentos no país com base no relatório mais recente do secretário-geral da ONU, António Guterres.
Valentine Rugwabiza aproveitou a ocasião para encorajar os Estados-membros e outros "parceiros com conhecimentos especializados e capacidades institucionais relevantes" a apoiarem as forças nacionais de defesa e segurança da RCA de forma a obter progresso na construção de um Exército nacional profissional e de Forças de Segurança Interna.
"A magnitude das necessidades de reforma do setor de segurança e restauração da autoridade do Estado não pode ser apoiada apenas pela Minusca. (...) Não há alternativa à segurança duradoura da população da RCA e à preservação da soberania do seu território", observou.
Considerado um dos países mais pobres do mundo, a República Centro-Africana vive uma guerra civil desde 2013, quando uma coligação de grupos armados predominantemente muçulmanos, os Séléka, derrubou o Presidente François Bozizé que, por sua vez, organizou e armou então as chamadas milícias anti-Balaka, predominantemente cristãs e animistas, numa tentativa de recuperar o poder.
Os combates entre estes grupos, em que os civis foram as principais vítimas, atingiram o seu auge em 2018, antes de a guerra civil, até então muito mortífera, diminuir de intensidade, transformando-se numa guerra de guerrilha conduzida por grupos rebeldes ou simplesmente predadores dos recursos do país, nomeadamente ouro e diamantes.
Os 3R, ex-Sélékas, juntaram-se à rebelião da Coligação dos Patriotas para a Mudança (CPC, na sigla em francês), que lançou uma vasta ofensiva contra Bangui em dezembro de 2020, numa tentativa de derrubar o Presidente, Faustin Archange Touadéra.
O chefe de Estado pediu a Moscovo que ajudasse as forças governamentais, mal armadas e com deficiente formação, e centenas de paramilitares russos juntaram-se às centenas já presentes desde 2018 para ajudar a expulsar os rebeldes da maior parte do território que ocupavam.
No entanto, a autoridade do Governo central não foi restabelecida de forma permanente em certas áreas remotas do país.
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