Da tenda ao porteiro heroico. O que dizem os (ex-)residentes de Valência?

Várias pessoas que tiveram de abandonar as suas casas no prédio que ardeu em Valência falaram sobre o momento em que o seu lar ardeu e confessam não ter uma grande perspectiva de futuro, agora que pouco têm sem ser a "roupa que trazem vestida".

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© JOSE JORDAN/AFP via Getty Images

Notícias ao Minuto
23/02/2024 23:31 ‧ 23/02/2024 por Notícias ao Minuto

Mundo

Valência

Centenas de pessoas perderam grande parte das suas vidas no incêndio que na quinta-feira ‘engoliu’ um prédio em Valência, Espanha. Pouco mais de 24 horas depois de o fogo ter deflagrado no 5.º andar e se ter alastrado por toda a fachada, as autoridades contabilizam nove mortos – e ainda existe uma pessoa dada como desaparecida.

Entre uma portuguesa que escapou das chamas depois de duas horas e meia na varanda até ao casal ucraniano que se mudou para Valência após a guerra ter começado no seu país, existem vários testemunhos de pessoas que, tendo sobrevivido, não sabem agora o que o futuro lhes reserva.

“Não tenho nada. Só a roupa que tenho vestida”

Manuel Fandos é um dos residentes que foi realojado num hotel, e que, apesar de ter uma cama para dormir, não desarrumou os lençóis na madrugada de hoje. “Não tenho nada. Só a roupa que tenho vestida”, referiu o homem, sem esquecer que no momento do incêndio o porteiro teve um desempenho heroico. “Não parava de chamar porta a porta. Tenho a certeza de que muitas pessoas saíram graças a ele”, confessou.

Também o gerente de um hotel onde ficaram alojados 39 residentes falou sobre a altura em que os mesmos chegaram, “de madrugada”. “Uma rapariga apontou para as suas roupas e disse: ‘Esta é a minha vida’”, recordou.

 “Não sei o que fazer. É como um pesadelo"

E esta jovem não é a única a não trazer este tipo de bagagem, já que também Laura e Manu, de 28 anos, falam sobre como perderam aquela que era a sua primeira casa. “Não sei o que fazer. É como um pesadelo. Vejo as imagens e nem parece a nossa casa”, apontou a mulher, que deu pelo incêndio enquanto estava no banho. Segundo contou à imprensa espanhola, começou a sentir um cheiro estranho, e depois a ver o fumo.

Um outro casal que perdeu a casa foram José Luis e Ángela. O homem, que trabalha nos serviços de emergência espanhóis, recorda que chamou à atenção para a necessidade de trazer mais meios para o combate ao fogo, enquanto conseguia sair do edifício.

“O que faço agora? Compro uma Quechua [tenda] e vou viver para debaixo do rio?”, questionou-se.

Ainda assim, o home aponta que a situação poderia ter sido ainda bem pior se o incêndio tivesse acontecido noutra altura do dia já que existem muitos idosos no prédio. “Teria sido pior se fosse durante a noite. Queimou muito rápido”, lembrou.

Leia Também: Família que fugiu da Ucrânia volta a perder tudo no incêndio de Valência

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