Cerca de 150 mulheres da Gronelândia processaram o Estado dinamarquês, alegando que lhes foi colocado um dispositivo contracetivo sem o seu consentimento ou conhecimento.
Este grupo de mulheres apresentou uma ação judicial, esta segunda-feira, exigindo uma indemnização de 5,7 milhões de euros por aquilo que consideram ter-se tratado de uma violação dos seus direitos humanos.
Segundo o The Guardian, algumas das mulheres tinham apenas 12 anos quando dizem que lhes foi colocado um dispositivo intrauterino (DIU) pelos seus médicos, com o intuito de travar o aumento da natalidade nesta região. Acredita-se que 4.500 mulheres e crianças tenha sido afetadas por esta estratégia entre 1966 e 1970.
Em outubro, 67 mulheres denunciaram o caso e exigiram ser indemnizadas pelo Estado, que até ao momento nada fez. Desde então o número de queixas apresentadas mais que duplicou.
Naja Lyberth foi a primeira mulher a dar a cara pelo sucedido, afirmando que o dispositivo lhe foi colocado durante uma consulta médica, em adolescente. Naja acusa o Estado de esterilização concertada
Apesar de Lyberth ter partilhado a sua história publicamente há vários anos, foi preciso muito tempo para que o escândalo atraísse uma atenção generalizada na Dinamarca.
A Gronelândia, que foi uma colónia dinamarquesa até 1953, tem o seu próprio governo local, mas também faz parte do reino da Dinamarca e tem dois representantes no parlamento dinamarquês.
No ano passado, o Estado dinamarquês e o governo da Gronelândia, lançaram uma investigação imparcial sobre este caso e sobre outras práticas de prevenção da gravidez levadas a cabo na Gronelândia entre 1960 e 1991. Mas a investigação só deverá ser concluída em maio de 2025.
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