"Algumas fontes dentro da administração presidencial afirmaram que foram instruídos a alcançar resultados muito elevados, nomeadamente 70-80% de participação eleitoral e mais de 80% dos votos em Putin", afirmou o investigador da Universidade de Manchester à Agência Lusa.
Esta fasquia vai ser um desafio para os organizadores das eleições devido ao pouco entusiasmo dos russos em votar por saberem que a vitória está garantida.
"Isto cria a necessidade de recorrer a algum tipo de sistema de fraude, como mobilizar trabalhadores, trabalhar para empresas estatais e forçá-los a votar", sugeriu.
Outra forma potencial de fraude vai ser o recurso ao sistema de voto eletrónico, que Alyukov diz ter sido eficiente em 2021 em Moscovo quando, inesperadamente, foram eleitos vários candidatos da oposição.
"Eles basicamente disseram, que ainda não tinham contado os resultados do sistema eletrónico e quando contaram, tudo mudou, a maior parte dos votos provenientes do sistema eletrónico foram para os candidatos do partido do regime", explicou.
O investigador académico russo falava à margem do debate "Como a Rússia é governada" organizado pelo Instituto de Relações Internacionais britânico (Chatham House).
Maxim Alyukov vincou que é importante para Putin ter um resultado expressivo nas eleições para legitimar o regime dentro do país e também mostrar às elites internas que continuam a manter o controlo.
Porém, desvalorizou apelos para que o resultado não seja reconhecido pela comunidade internacional.
"Pode não considerar uma eleição legítima de acordo com padrões internacionais, mas isso não terá qualquer impacto", justificou.
As eleições entre 15 e 17 de março na Rússia deverão confirmar mais um mandato para o Presidente russo, Vladimir Putin, 71 anos, que ficará no poder até pelo menos 2030.
Putin alterou a Constituição em 2020 para permitir a sua reeleição, o que poderá fazer novamente dentro de seis anos e, assim, permanecer no Kremlin até 2036.
Outros opositores, incluindo Boris Nadezhdin, que se propunha fazer campanha contra a guerra na Ucrânia, foram impedidos de concorrer.
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