Ministros do G7 discutem tensões no Médio Oriente e sanções ao Irão
Os ministros dos Negócios Estrangeiros do G7 reúnem-se entre quarta e sexta-feira na ilha italiana de Capri para discutir as tensões no Médio Oriente, sendo previsível que abordem sanções ao Irão, na sequência do recente ataque a Israel.
© Getty
Mundo Israel/Palestina
Esta reunião dos chefes de diplomacia do grupo formado por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido, mais a União Europeia -- a primeira de duas agendadas este ano para Itália durante a presidência italiana do G7 -, já tinha como principal ponto da agenda o Médio Oriente, sobretudo à luz da crise na Faixa de Gaza, mas a situação tornou-se ainda mais complexa e de alto risco após o ataque lançado no sábado à noite pelo Irão contra Israel, que faz recear uma escalada do conflito.
O ataque iraniano, com recurso a mais de 300 'drones' (aeronaves não tripuladas), mísseis de cruzeiro e balísticos - a grande maioria intercetados -- levou mesmo o G7 a realizar uma reunião por videoconferência no passado domingo, ao nível de chefes de Estado e de Governo, convocada por Itália a pedido dos Estados Unidos, na qual o grupo condenou "veementemente" o ataque a Israel e advertiu Teerão de que tomará "medidas" se o Irão continuar com "iniciativas desestabilizadoras".
Os ministros dos Negócios Estrangeiros do G7 deverão mesmo discutir em Capri a imposição de sanções ao Irão, já reclamadas e antecipadas por alguns dos participantes.
Depois de um alto funcionário dos Estados Unidos ter adiantado no passado fim de semana que alguns membros do G7 estão a considerar designar a Guarda Revolucionária Iraniana como um grupo terrorista em resposta ao ataque do Irão a Israel, a ministra dos Negócios Estrangeiros do Canadá, Mélanie Joy, antecipou na segunda-feira, antes de partir rumo a Itália, que o G7 deverá "impor mais sanções contra o regime iraniano", e, já hoje, também a chefe da diplomacia alemã, Annalena Baerbock, defendeu sanções suplementares dirigidas a Teerão.
A mensagem do G7 deverá sobretudo ser no sentido de se evitar a todo o custo um agravamento das hostilidades, tendo hoje o ministro dos Negócios Estrangeiros italiano, Antonio Tajani, sublinhado precisamente que, "num contexto de forte escalada, em que qualquer novo ato hostil poderá desencadear um conflito mais vasto que poderá afetar toda a região", a Itália "está a fazer tudo o que está ao seu alcance para apelar à contenção de todos os intervenientes na região, também enquanto presidência do G7".
Teerão justificou o ataque como uma medida de autodefesa, argumentando que a ação militar foi uma resposta "à agressão do regime sionista" contra as instalações diplomáticas iranianas em Damasco (Síria), ocorrida a 01 de abril e marcada pela morte de sete membros da Guarda Revolucionária e seis cidadãos sírios.
A comunidade internacional ocidental condenou veementemente o ataque do Irão a Israel, apelando à máxima contenção, de forma a evitar uma escalada da violência no Médio Oriente, região já fortemente instável devido à guerra em curso há mais de seis meses entre Israel e o grupo islamita palestiniano Hamas na Faixa de Gaza.
A situação na Faixa de Gaza constitui, de resto, outro dos principais temas na agenda dos chefes de diplomacia do G7, que deverão reiterar os apelos a um cessar-fogo imediato, face "à urgência de reforçar a assistência à população civil", declarou hoje Tajani, segundo o qual "não pode haver solução para a crise em Gaza sem o pleno envolvimento de todos os atores regionais e a aceitação do princípio de dois povos e dois Estados, vivendo lado a lado em reconhecimento e respeito mútuos".
"Alcançar o objetivo da paz será o principal objetivo do G7. O que é importante é a unidade: quando se quer atingir um objetivo, todos os países devem ter uma visão comum. Já foram enviadas mensagens importantes nesse sentido. Trabalharemos em Capri nesta direção", explicou o chefe da diplomacia italiana, anfitrião da reunião de três dias.
Além do Médio Oriente, a presidência italiana do G7 garante ainda que "a resposta à agressão russa contra a Ucrânia permanecerá no centro da agenda" dos seus trabalhos, com o grupo a reiterar "o sólido apoio a Kiev em todos os domínios, garantindo total apoio militar, político e financeiro, com o objetivo de alcançar uma paz justa e duradoura".
Na reunião de Capri -- ilha que estará rodeada de fortes medidas de segurança durante os trabalhos -, participarão também o Alto Representante da UE para a Política Externa e de Segurança, Josep Borrell, o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, e ainda o chefe da diplomacia ucraniana, Dmytro Kuleba.
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