Eslovacos querem comprar munições após Governo suspender ajuda a Kyiv

Os promotores de uma campanha na Eslováquia para comprar munições para a Ucrânia anunciaram hoje que pretendem juntar um milhão de euros, rejeitando a recusa do Governo em enviar ajuda militar ao país vizinho.

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© REUTERS/Sergiy Voloshyn

Lusa
17/04/2024 15:27 ‧ 17/04/2024 por Lusa

Mundo

Ucrânia

Milhares de pessoas já contribuíram com 575 mil euros para a campanha de 'crowdfunding' desde segunda-feira, altura em que o grupo "Paz para a Ucrânia" lançou a iniciativa.

Desde que chegou ao poder em 2023, o primeiro-ministro Robert Fico pôs fim à ajuda militar a Kiev e apelou para conversações de paz entre a Ucrânia e a Rússia.

"Nós, o povo da Eslováquia, queremos e podemos ajudar" a Ucrânia, disse uma representante da iniciativa, Zuzana Izsakova, à agência francesa AFP.

"Queremos mostrar que não é apenas o Governo e Robert Fico que decidem esta questão", afirmou.

A organização planeia transferir o dinheiro angariado para um projeto internacional liderado pela República Checa para comprar munições para Kiev.

O primeiro-ministro checo, Petr Fiala, disse na terça-feira que 20 países já se tinham comprometido a financiar a compra de 500 mil cartuchos fora da Europa.

O Governo eslovaco não aderiu ao projeto checo.

Marian Kulich, outro representante da "Paz para a Ucrânia", explicou que a iniciativa popular nasceu do desacordo com as posições do Governo sobre a Ucrânia.

"Estamos convencidos de que muitas pessoas na Eslováquia não se identificam com a rejeição do projeto do Governo checo", afirmou Kulich.

De acordo com Izsakova, o grupo quer igualar o milhão de euros oferecido pelo Governo da Eslovénia no mês passado.

Um apoiante notável da campanha eslovaca é Otto Simko, um sobrevivente do Holocausto que acredita que a sua própria experiência de guerra pode ser aplicada à situação na Ucrânia.

O antigo jornalista de 99 anos participou na Revolta Nacional Eslovaca de 1942, uma tentativa de resistência às tropas alemãs durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

"Lutámos contra o agressor, o ocupante alemão (...). Era impossível negociar com eles, tinham de ser derrotados", afirmou Simko num vídeo de apoio à campanha.

"Se eu puder doar apenas 20 euros para comprar uma única bala, saberei que a bala está em boas mãos", acrescentou.

Os líderes ucranianos têm criticado as hesitações dos líderes ocidentais no fornecimento de ajuda militar ao país, sobretudo após uma contraofensiva no verão com resultados modestos pelos atrasos na chegada de armamento.

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, lamentou hoje a falta de defesas aéreas fornecidas pelos aliados ocidentais que poderiam ter evitado a morte de 10 pessoas num triplo ataque russo contra a cidade de Chernigiv.

"Isto não teria acontecido se a Ucrânia tivesse recebido equipamento de defesa aérea suficiente e se o mundo estivesse suficientemente determinado a resistir ao terror russo", disse Zelensky.

A Rússia tem intensificado os ataques contra alvos na Ucrânia nas últimas semanas, sobretudo infraestruturas de energia, tirando partido da fragilidade das defesas aéreas ucranianas.

Leia Também: Von der Leyen insta presidente eslovaco a promover "valores europeus"

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