O irmão do primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez fixou a sua residência em Portugal no final do ano passado. Antes disso, comprou um palacete em Elvas, distrito de Portalegre, local de onde trabalha remotamente para o governo espanhol. Agora, a oposição acusa-o de "indecência política" por estar alegadamente a fugir aos impostos.
David Sánchez trabalha para a junta de Badajoz, presidida pelo PSOE, a partir de Elvas, local onde comprou um palacete no valor de 240 mil euros. As suas funções incluem a direção do gabinete de música Ópera Jovem. No entanto, o irmão do governante estará a pagar impostos em Portugal e não em Espanha, avança uma investigação do jornal El Debate, o que tem gerado polémica.
Agora, os líderes da oposição política vêm pedir esclarecimentos sobre as obrigações fiscais de David Sánchez, reporta o jornal El Economista.
O porta-voz do Partido Popular de Espanha (PP) da Extremadura pediu "decência política" por parte do presidente da junta de Badajoz e do secretário-geral do PSOE (Partido Socialista espanhol) da Extremadura, Miguel Ángel Gallardo, para saber onde são realizados os pagamentos de impostos do irmão de Sánchez e porque não foi obrigado a apresentar nem o IRS nem o Imposto sobre a Fortuna em 2021 e 2022.
Neste sentido, José Juliá considerou "inadmissível" e "imoral" que este não pague impostos em Espanha, quando "recebe dinheiro de todos os habitantes de Badajoz".
"Como é possível que um gestor do Conselho Provincial de Badajoz, dependente do governo socialista, que ganha mais de 55 mil euros por ano, declare que não tem de apresentar a Declaração de Imposto sobre o Rendimento, como fazem todos os espanhóis?", questionou, lembrando, de seguida, que todos os espanhóis com rendimentos superiores a 22 mil euros por ano são obrigados a apresentar esse mesmo documento.
Por outro lado, José Luis Quintana, delegado do PSOE na Extremadura, defendeu David Sánchez, afirmando que este viver e pagar impostos em Portugal "é legal", porque está num "país da União Europeia".
De recordar que esta é mais uma polémica em torno do primeiro-ministro espanhol. Na quarta-feira, foi aberto um "inquérito preliminar" por um tribunal de Madrid à mulher de Pedro Sánchez.
O Ministério Público de Espanha pediu na quinta-feira o arquivamento do inquérito, por considerar que a queixa que lhe deu origem não tem fundamento.
A investigação judicial à mulher de Pedro Sánchez, Begoña Gómez, resultava de uma queixa por alegado tráfico de influências apresentada pela associação 'Mãos Limpas', conotada com a extrema-direita espanhola.
O caso levou o líder do governo espanhol a afirmar que poderá abandonar o cargo, prometendo uma declaração pública sobre o seu futuro na próxima segunda-feira.
Leia Também: Pedro Nuno manifesta solidariedade do PS a Pedro Sánchez após polémica