Sete países notificam Guterres que querem contribuir para apoio ao Haiti
As Bahamas, Bangladesh, Barbados, Benim, Chade, Jamaica e Quénia notificaram oficialmente o secretário-geral da ONU da intenção de contribuírem com pessoal para uma força internacional de segurança para o Haiti, confirmou hoje o porta-voz de António Guterres.
© Lusa
Mundo Haiti
Em comunicado, o gabinete do porta-voz de Guterres indicou que outros países manifestaram interesse, inclusive publicamente, mas ainda não notificaram o secretário-geral dessa intenção.
A missão internacional de apoio à segurança no Haiti, aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU em outubro para apoiar a polícia local no combate aos grupos de crime organizado, dispõe atualmente de 18 milhões de dólares (16,8 milhões de euros), que foram depositados num fundo fiduciário.
De acordo com o porta-voz de Guterres, desse total, 8,7 milhões de dólares foram fornecidos pelo Canadá, 3,2 milhões de dólares pela França e seis milhões de dólares pelos Estados Unidos.
"Agradecemos a todos aqueles que contribuíram e instamos todos os Estados-membros a garantirem que a missão receba o apoio financeiro e logístico de que necessita para ter sucesso", apelou a ONU.
O primeiro trimestre de 2024 foi o mais violento desde pelo menos o início de 2022 no Haiti, país das Caraíbas devastado por gangues, com pelo menos 1.660 homicídios, 50% a mais face ao último trimestre de 2023.
"Entre janeiro e março de 2024, pelo menos 2.505 pessoas foram mortas ou feridas em consequência da violência relacionada com gangues", de acordo com o relatório trimestral da missão da ONU no Haiti (Binuh), divulgado na semana passada.
"Isto representa um aumento de mais de 53% em relação ao período anterior (outubro-dezembro de 2023), tornando os primeiros três meses de 2024 o período mais violento desde que a Binuh estabeleceu o seu mecanismo de monitorização dos direitos humanos no início de 2022", acrescentou.
O Haiti tem sido devastado há décadas pela pobreza, desastres naturais, instabilidade política e agravamento da violência entre gangues.
Desde finais de fevereiro, poderosos gangues haitianos uniram-se para atacar esquadras de polícia, prisões, o aeroporto e o porto marítimo, num esforço para destituir o primeiro-ministro, Ariel Henry.
Este último renunciou em 11 de março e este mês foi criado um Conselho Presidencial de Transição, sem pôr fim à crise.
Desde o final de fevereiro, "mais de 4.600 detidos fugiram das duas principais prisões da capital, pelo menos 22 esquadras e subesquadras e outros edifícios policiais foram saqueados ou queimados e 19 agentes da polícia foram mortos ou feridos", apontou a ONU.
Os gangues também continuaram a recorrer à violência sexual contra residentes de bairros rivais, sublinhou a missão da ONU no relatório, denunciando em particular as violações coletivas sofridas por jovens raparigas.
"As atividades dos gangues limitaram severamente o acesso a serviços essenciais, incluindo cuidados de saúde e educação, e exacerbaram a insegurança alimentar", lamentou Maria Isabel Salvador, chefe da missão da ONU, citada num comunicado onde apelou à aceleração do envio da missão de segurança internacional a ser liderada pelo Quénia.
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