Os jovens médicos no Sudão estão a aprender medicina através dos telemóveis. A plataforma internacional chamada Project ECHO conecta-os com médicos especialistas em todo o mundo que dão conselhos rápidos e em tempo real sobre como tratar os pacientes.
É o caso de Hadeel Abdelseid. Segundo o The Telegraph, a jovem trabalhava num turno normal na enfermaria pediátrica em Cartum, capital do Sudão, quando a guerra eclodiu, no ano passado.
Era sábado e ela estava especialmente cansada depois de mais uma semana de turnos agitados. Com apenas 27 anos, era médica qualificada há alguns anos.
Os tiros e bombas começaram por volta das 9h30 e o que se seguiu foram dois dias de combates intensos, durante os quais Hadeel não conseguiu sair do edifício. Um colega que tentou deixar o hospital voltou pouco depois coberto de ferimentos à bala. Morreu pouco depois.
Hadeel acabou por ser retirada do local e dirigiu-se para o estado de Gezira, no sul, tornando-a uma dos 11 milhões de pessoas que foram forçadas a fugir das suas casas no Sudão desde abril de 2023.
Foi lá que ela começou a treinar medicina em tempos de guerra. A jovem de 27 anos aprendeu agora a tratar ferimentos de bala, a combater infeções complexas com o mínimo de medicamentos e a criar soro intravenoso improvisado – tudo através do seu smartphone.
O projeto ECHO emprega consultores especializados de todo o mundo e coloca-os em contacto com aqueles que necessitam dos seus conhecimentos. O conceito é simples, mas eficaz – mover conhecimento, não pacientes.
A organização sem fins lucrativos foi fundada no Novo México em 2003, pelo médico americano Dr. Sanjeev Arora, quando uma das suas pacientes morreu de Hepatite C – simplesmente porque morava muito longe para visitar regularmente a sua clínica.
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