Polarização "está a levar ao absolutismo no nosso mundo", diz Theresa May

A extrema polarização política "está a levar ao absolutismo no nosso mundo" e coloca desafios sérios às democracias, disse a antiga primeira-ministra britânica Theresa May esta madrugada, numa conferência em Los Angeles. 

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© BRENDAN SMIALOWSKI/AFP via Getty Images

Lusa
07/05/2024 06:36 ‧ 07/05/2024 por Lusa

Mundo

Theresa May

"Devemos estar muito preocupados com o nível de polarização que estamos a ver", afirmou a ex-governante, que participava num painel da Conferência Global do Milken Institute. "Isto não é sobre as pessoas apoiarem um partido político ou outro", frisou. 

May alertou para o perigo de pensamentos absolutistas, em que alguém que está 100% de um lado é santo e 100% do outro é um diabo. "Há muito pouco compromisso hoje em dia", salientou. "A política, na prática, é muito feita de equilíbrio e compromisso". 

A ex primeira-ministra disse estar "particularmente preocupada" com o efeito das redes sociais no afunilamento do discurso público, que amplifica as posições dos utilizadores em vez de os expor a diferentes pontos de vista. 

"As empresas de redes sociais têm uma responsabilidade social", salientou, apontando que é um problema difícil de resolver e que está a viciar as gerações mais jovens. 

No painel, dedicado ao estado do mundo e os seus principais conflitos, também participou o vice primeiro-ministro do Luxemburgo Xavier Bettel. O governante disse que a União Europeia está a mostrar liderança na sequência da invasão da Ucrânia pela Rússia e defendeu que a UE deve ter "menos unanimidade e mais votos de maioria". 

A guerra na Ucrânia não foi, no entanto, o principal conflito em discussão. Com a aceitação provisória de um cessar-fogo pelo Hamas e a invasão iminente de Rafa pelo exército israelita, o Médio Oriente dominou a análise. 

"O centro de gravidade não é o Hamas", afirmou o almirante James Stavridis, ex-comandante Supremo Aliado na NATO. "Não se ganha matando. O centro de gravidade é o complexo de túneis", continuou, avisando que Israel não vai parar até este complexo deixar de funcionar. 

Stavridis também considerou inevitável a incursão em Rafa, apesar de ser um "desafio militar incrivelmente complexo" por causa da necessidade de evacuações em massa. 

Michael Froman, presidente do Conselho de Relações Internacionais, colocou o debate na fase seguinte. "O que acontece em Gaza depois do fim da campanha militar?", questionou. "Quem vai fornecer a segurança? Não há boas respostas para isto". 

Ainda assim, Froman destacou sinais positivos vindos dos estados árabes moderados com os quais Israel pode colaborar para suster a ameaça iraniana, e essa cooperação pode fazer parte de um realinhamento e uma solução permanente. 

O responsável disse que a grande questão é se a Europa se organiza melhor e encontra o caminho para o crescimento económico, que ficou para trás nas últimas décadas. 

"Em 2008, as economias da zona Euro e dos Estados Unidos tinham mais ou menos o mesmo tamanho", apontou. "A economia norte-americana é agora 75% maior que a da zona Euro. A Europa não encontrou o caminho do crescimento", salientou. "No longo prazo, a relação transatlântica será mais forte se a Europa for mais forte e encontrar esse caminho para o crescimento". 

A Conferência Global do Milken Institute decorre no hotel Beverly Hilton, em Los Angeles, até quarta-feira, 08 de maio. 

Leia Também: Theresa May: Apoio forte a Kyiv restaurou reputação britânica pós-Brexit

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