Meloni embalada para vitória clara em Itália e papel de relevo na UE

A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, líder e cabeça-de-lista do partido de extrema-direita Irmãos de Itália às eleições europeias, está bem encaminhada para uma vitória convincente no domingo e assumir um papel de relevo no palco europeu.

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© Antonio Masiello/Getty Images

Lusa
06/06/2024 09:04 ‧ 06/06/2024 por Lusa

Mundo

Eleições europeias

De acordo com as sondagens em vésperas do ato eleitoral, o partido pós-fascista de Meloni deverá recolher cerca de 27% dos votos, com uma margem confortável sobre a segunda força, o Partido Democrático (PD), de centro-esquerda e líder da oposição, também encabeçado por uma mulher, Elly Schlein, que deverá obter cerca de 22%.

Meloni, que em 2022 se tornou a primeira mulher a governar Itália, era ainda uma figura política de segundo plano nas anteriores eleições europeias, em 2019, nas quais o grande vencedor em Itália foi o partido populista de direita Liga, de Matteo Salvini, atual parceiro de coligação governamental dos Irmãos de Itália, e que deverá ser o grande derrotado destas eleições.

Em 2019, a Liga de Salvini obteve uma vitória avassaladora, com 34,3 por cento dos votos, que lhe valeram 29 dos 76 assentos a que Itália tem direito no Parlamento Europeu (é o quarto Estado-membro com mais lugares na assembleia, apenas atrás de Alemanha e França), enquanto os Irmãos de Itália se quedaram pelos 6,4%, que lhe conferiram cinco assentos.

Segundo a generalidade das sondagens, os papéis na direita radical italiana vão inverter-se, com Meloni a poder eleger 25 deputados e confirmar-se como principal força política em Itália, depois do sucesso nas eleições legislativas de 2022 (então com 25,9% dos votos), enquanto a Liga deverá cair para os 8% e ver a sua delegação 'encolher' para oito ou nove eurodeputados, de pouco tendo servido a Salvini, eurocético e admirador-confesso de Vladimir Putin, a campanha agressiva que protagonizou, com constantes ataques à UE e, designadamente, ao apoio à Ucrânia.

Já o PD deverá ficar próximo do resultado de há cinco anos (22,7%, 19 deputados eleitos), sendo todavia este o melhor desempenho desde que Elly Schlein assumiu a liderança desta formação política pertencente à família socialista europeia, e o Força Itália, tudo indica, deverá resistir ao desaparecimento do seu líder histórico, Sílvio Berlusconi, falecido há um ano.

O partido de centro-direita (e terceiro membro da coligação no poder em Itália encabeçada por Meloni), agora dirigido por Antonio Tajani, poderá chegar aos 9% (em 2019 obteve 8,7%).

Os parceiros de coligação de Meloni deverão disputar entre si o quarto lugar, pois em terceiro deverá ficar o Movimento 5 Estrelas (populista de esquerda), de Giuseppe Conte, com cerca de 15% dos votos (e em torno dos 13 deputados).

Mesmo muito pouco presente na campanha eleitoral, Meloni foi a grande figura da campanha, até pelos 'ecos' vindos do exterior, com a abertura manifestada pela atual presidente da Comissão Europeia e «candidata principal» do Partido Popular Europeu (PPE), Ursula von der Leyen, para cooperar com a família política europeia dirigida pela primeira-ministra italiana, o grupo dos Conservadores e Reformistas Europeus (ERC), de direita radical.

Desde o início da campanha, Meloni assumiu como grande objetivo para as eleições europeias replicar na Europa aquilo que conseguiu forjar em Itália: "uma maioria de direita para mandar para a esquerda para a oposição.

Sob o lema «Com Giorgia, a Itália muda a Europa», Meloni assumiu efetivamente a ambição de ter um papel relevante também na cena europeia. Além de presidir ao grupo ERC, que deverá obter fortes ganhos nestas eleições europeias, a primeira-ministra italiana, a única líder dos 27 a apresentar-se como cabeça-de-lista partidária, pretende pôr fim à tradicional aliança dos grandes partidos de centro (PPE, Socialistas e Liberais).

Apesar de a união de todas as forças europeias de extrema-direita numa só plataforma ser altamente improvável, dadas as grandes diferenças entre si, o desejo de Meloni de estabelecer uma grande aliança de direita parece no entanto possível, restando saber se a mesma seria mais radical ou moderada.

«Candidato principal» dos Socialistas europeus, o luxemburguês Nicolas Schmit, atual comissário europeu no executivo de Von der Leyen, aproveitou os últimos dias de campanha para se distanciar da sua 'chefe' -- que ainda recentemente admitiu que trabalha muito bem com Meloni, que classificou como "pró-europeia" -, e advertiu que a primeira-ministra italiana é "um lobo em pele de cordeiro".

Sustentando que "não há extremas-direitas decentes", numa alusão ao ERC, Schmit considerou que o que Meloni faz em Itália "mostra que continua a ser a mesma, não mudou", nem rompeu realmente "com o passado fascista do seu partido e dela própria", apontando para medidas adotadas em Itália como restrições ao aborto, redução dos direitos da comunidade LGTBI e uma alegada tentativa de controlo dos órgãos de comunicação social.

Em Itália, o ato eleitoral decorrerá ao longo de dois dias, no fim de semana de 08 e 09 de junho, com o encerramento das urnas mais tardio de toda a União Europeia (UE), às 23:00 locais, 22:00 de Lisboa, de domingo.

Leia Também: Centros de migrantes geridos por Itália na Albânia operacionais em agosto

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