Na capital brasileira, Brasília, os indígenas criticaram o facto de os fundos atribuídos aos povos indígenas e ao processo de demarcação e regularização das suas terras serem "ínfimos" em comparação com os recebidos pelos latifundiários.
Munidos de cartazes pedindo a demarcação das suas terras e gritando "sem regularização não há exportação", os indígenas percorreram a avenida onde estão localizadas as sedes dos ministérios, parando no Ministério da Agricultura, antes de seguir para o Congresso e Supremo Tribunal Federal.
A crítica é dirigida especificamente ao Plano Safra, por meio do qual o Governo oferecerá créditos e recursos no valor de 500 mil milhões de reais (86,21 mil milhões de euros) para apoiar a produção agrícola nacional, incentivando sistemas de produção ambientalmente sustentáveis.
Entre as populações indígenas mais afetadas estão as do sul, centro e oeste do Brasil, regiões predominantemente agrícolas.
Nessas regiões, os povos indígenas também sofrem as consequências das alterações climáticas, com as fortes secas no centro e oeste do país e as chuvas torrenciais que caem no sul do país há mais de um mês.
De acordo com dados oficiais, os povos indígenas ocupam cerca de 14% do território nacional, em cerca de 600 áreas já demarcadas, às quais se somam outras 120 ainda em análise.
A demarcação de terras indígenas, uma obrigação do Estado segundo a Constituição, ficou suspensa entre 2019 e 2022, durante a gestão do então Presidente Jair Bolsonaro, e foi retomada no ano passado pelo Governo de Lula da Silva.
No entanto, dos catorze territórios prontos para demarcação, o Governo regularizou até agora dez e os outros quatro estão pendentes de negociação.
Estas terras estão atualmente ocupadas por latifundiários que, no passado, expulsaram os indígenas.
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