Os três países "decidiram dar mais um passo no sentido de uma maior integração" e "adotaram o tratado que institui uma confederação entre o Burkina Faso, o Mali e o Níger, denominada Aliança dos Estados do Sahel", lê-se no comunicado final, citado por agências internacionais, da primeira cimeira realizada pelos três países depois de terem criado a AES em setembro de 2023, confirmando assim a rotura com a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), que inclui a Guiné-Bissau e Cabo Verde.
A decisão surge na sequência da formação, em março, de uma força militar conjunta para combater os terroristas que regularmente atacam estes territórios, e cuja expansão os governos têm sido incapazes de travar.
No texto, os militares manifestaram também o desejo de "fazer uso comum dos seus recursos" em setores considerados estratégicos, como a agricultura, a água, a energia e os transportes, e apelaram ainda para uma maior utilização das línguas locais nos meios de comunicação social públicos e privados dos seus países.
Em janeiro, estes três países anunciaram a sua saída da CEDEAO, considerando que é uma organização manipulada pela França, a antiga potência colonial com a qual já romperam e retomaram relações várias vezes.
Na abertura da cimeira, o chefe do regime militar do Níger, Abdourahamane Tiani, afirmou que os povos dos três países tinham "virado irrevogavelmente as costas à CEDEAO", num discurso feito perante os homólogos do Burkina Faso, o capitão Ibrahim Traoré, e do Mali, o coronel Assimi Goïta.
Os três homens, todos vestidos com os seus uniformes militares, chegaram ao final da manhã ao centro de conferências em Niamey, onde a cimeira decorreu sob fortes medidas de segurança.
O general Tiani apelou para que a AES se torne "uma alternativa a qualquer agrupamento regional fictício, construindo uma comunidade soberana de povos, uma comunidade longe do domínio de potências estrangeiras".
As relações entre o Níger e a CEDEAO deterioraram-se consideravelmente após o golpe de Estado de 26 de julho de 2023 que levou o General Tiani ao poder.
A CEDEAO impôs pesadas sanções económicas contra o Níger e ameaçou intervir militarmente para repor no poder o presidente deposto, Mohamed Bazoum, o que ainda não aconteceu.
As sanções foram levantadas em fevereiro, mas as relações entre as duas partes permanecem frágeis, apesar dos apelos de alguns presidentes, nomeadamente senegalês e mauritano, para retomar o diálogo.
A CEDEAO, por seu turno, deverá realizar uma cimeira no domingo, onde as relações com a AES será um dos temas em debate.
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