"Vamos verificar o que é necessário fazer ao nível da Conferência de Presidentes [órgão que junta o líder da assembleia europeia e os presidentes dos partidos], ao nível das comissões, ao nível da presença ministerial, ao nível do debate e ao nível de prioridades. É isso que irá determinar as ações que o Parlamento irá tomar nas próximas semanas, mas sobretudo nos próximos meses, até ao final deste semestre", declarou Roberta Metsola.
Um dia após o anúncio de que a presidente do executivo comunitário, Ursula von der Leyen, decidiu, devido às recentes polémicas, não realizar a habitual visita do colégio de comissários ao país que acolhe a presidência rotativa da UE, a Hungria, rejeitando também representação de alto nível, a líder da assembleia europeia admitiu ter recebido "uma série de mensagens de muitos membros a pedir que fossem tomadas medidas".
"É uma questão que discutirei com os líderes dos grupos [na Conferência de Presidentes] e que, a partir daí, será abordada", assinalou Roberta Metsola, em declarações a um grupo de jornalistas europeus de agências, incluindo a Lusa, à margem da primeira sessão plenária do novo mandato, na cidade francesa de Estrasburgo.
Este assunto já esteve em cima da mesa numa reunião deste órgão na semana passada e, aliás, o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, deveria discursar esta semana em Estrasburgo para apresentar as prioridades da presidência húngara, mas tal nunca constou da agenda da sessão. Segundo fontes de Budapeste, a Conferência de Presidentes nunca fez um convite.
"Já tivemos um debate na semana passada no âmbito da Conferência dos Presidentes e, amanhã [quarta-feira] realizar-se-á uma nova Conferência de Presidentes [...]. Nessa discussão que tivemos discutimos como é que, enquanto colegislador - porque somos diferentes de outras instituições -, podemos abordar presidências [rotativas do Conselho da UE] como a que estamos a viver hoje", adiantou Metsola à Lusa e outras agências de notícias europeias.
A posição surge dias depois de os embaixadores dos países junto da UE terem discutido o papel da presidência húngara rotativa do Conselho, perante uma preocupação crescente nas capitais sobre as polémicas deslocações do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán.
A 01 de julho, a Hungria assumiu a presidência rotativa do Conselho da UE, que vai liderar até final do ano, e desde então o primeiro-ministro húngaro já realizou deslocações oficiais à Ucrânia, à Rússia, ao Azerbaijão e países vizinhos e à China, tendo ainda mantido contactos com a Turquia.
As visitas, e sobretudo o encontro em Moscovo com o Presidente russo, Vladimir Putin, geraram várias críticas em Bruxelas e as garantias de que as iniciativas têm ocorrido no quadro das relações bilaterais e não em representação europeia.
Perante as recentes polémicas, algumas bancadas parlamentares (como os liberais) sugeriram encurtar estes seis meses de presidência e passar já a rotatividade da presidência do Conselho da UE à Polónia, que seria a seguir, enquanto alguns Estados-membros (nomeadamente os bálticos) estão a decidir ser representados por funcionários e não por governantes nas reuniões informais em Budapeste, como forma de protesto.
Ainda antes deste semestre, alguns eurodeputados (principalmente dos Verdes) tentaram evitar que a Hungria assumisse a presidência rotativa da UE.
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