ONU considera trágica situação no sudoeste da Colômbia devido à violência

O representante da ONU na Colômbia qualificou hoje de "trágica" a situação no departamento de Cauca (sudoeste), cenário de constantes ataques do Estado Maior Central (EMC), a principal dissidência da ex-guerrilha das FARC, contra forças policiais e população civil.

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Lusa
17/07/2024 17:58 ‧ 17/07/2024 por Lusa

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"Infelizmente, a situação em Cauca é trágica, a violência aumentou de forma desproporcionada e emitimos um apelo muito claro: todos os grupos armados têm de respeitar as normas do direito humanitário internacional", assinalou o representante especial do secretário-geral da ONU na Colômbia, Carlos Ruiz Massieu, em declarações à agência noticiosa espanhola EFE.

 

O diplomata recordou que o secretário-geral da ONU, António Guterres, tem apelado de forma recorrente "a todos os atores do conflito, a todos os grupos, que as guerras também têm regras, que devem ser respeitadas, e parte dessas regras consiste em não atingir a população civil".

O Governo colombiano anunciou na terça-feira o fim do cessar-fogo bilateral mantido com o EMC, com quem tinha iniciado conversações de paz, mas vai mantê-lo durante mais três meses com três frentes que supostamente cindiram deste grupo, segundo indicou o ministro da Defesa, Iván Velásquez.

"Caso estes grupos não respeitem essas normas, as autoridades terão de atuar porque a sua principal função consiste em defender a população que sofre a violência desses grupos", considerou Ruiz Massieu, também chefe da Missão de Verificação da ONU na Colômbia.

A fação do EMC com quem o Governo suspendeu o cessar-fogo é dirigida por 'Ivan Mordisco', um guerrilheiro que sempre rejeitou o acordo de paz firmado em novembro de 2016 com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) e que desde abril passado ficou à margem das atuais negociações.

"As Nações Unidas sempre aspiraram que os grupos armados tenham uma genuína vocação de paz, que o demonstrem e possam ter ações tendentes a procurar soluções aos conflitos através do diálogo, mas quando o fazem (...) o Estado tem de cumprir a sua função, tem de proteger a população, tem de tomar as medidas necessárias para fornecer segurança a essas comunidades, como sucede atualmente", acrescentou.

O Governo de Bogotá mantém desde o mês passado conversações com a Segunda Marquetalia, grupo formado por antigos membros das extintas FARC, liderado por 'Iván Márquez', que apesar de terem inicialmente aceitado o acordo de paz, decidiram denunciá-lo em agosto de 2019 por incumprimentos do Governo ao texto acordado.

Segundo Ruiz Massieu, a Segunda Marquetalia inclui-se "nos grupos de caráter político que prosseguem ativos e com quem o Governo decidiu procurar soluções negociadas pela via de diálogo".

Um processo também acompanhado pela Missão da ONU na "mesa de diálogo" que em junho se reuniu pela primeira vez em Caracas, capital da vizinha Venezuela.

"Chegaram a alguns acordos na sessão anterior e esperamos que continuem a avançar, sempre em benefício das comunidades e do país", disse o representante da ONU, numa referência às primeiras medidas acordadas para reduzir a intensidade do conflito armado.

Na perspetiva de Ruiz Massieu, "as comunidades que garantiram a paz, e que de seguida assistiram a um recrudescimento da violência e fortalecimento dos grupos, estão ávidas de recuperar a paz, não apenas em suas casas, nos seus centros populacionais, nos campos, mas também uma paz mais sustentada e duradoura".

"É isso que está a ser tentado, e com o contributo das Nações Unidas", concluiu.

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