"Está a ser feita uma tentativa na Venezuela para impor um golpe de Estado, mais uma vez, de natureza fascista e contrarrevolucionária", frisou Maduro, durante a cerimónia de proclamação como Presidente reeleito, na sede do Conselho Nacional Eleitoral (CNE).
Maduro garantiu que este é "o mesmo filme" e "com um argumento semelhante" ao que viveu em 2019, em que "os protagonistas" são "os mesmos".
O líder chavista alegou que "estão a ser ensaiados os primeiros passos falhados para desestabilizar a Venezuela" e para impor novamente um "manto de agressão e danos", uma "espécie de filme [Juan] Guaidó 2.0", em referência ao período em que o opositor se autoproclamou "Presidente interino" do país, um 'mandato' reconhecido por cinquenta países que nunca foi capaz de exercer, carecendo de instituições e de poder real.
Nicolás Maduro proclamou que as eleições de domingo foram "uma jornada história" e "uma batalha definitiva contra o fascismo".
Vários regimes próximos do venezuelano já felicitaram Maduro pela vitória, como Rússia, Nicarágua, Cuba, China e Irão, mas outros democráticos demonstraram grande preocupação com a transparência das eleições na Venezuela além de Portugal, como Espanha e Estados Unidos.
Antes da alegação de Maduro, o procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, acusou os líderes da oposição Lester Toledo, Leopoldo López e María Corina Machado de serem os principais responsáveis por uma tentativa de adulterar os resultados eleitorais das eleições presidenciais de domingo.
"O ataque terá sido realizado a partir da Macedónia do Norte e teria como intenção manipular os dados que estavam a ser recebidos na CNE (...). Segundo as informações recolhidas, estão envolvidos Lester Toledo, Leopoldo López e María Corina Machado", denunciou Saab.
O procurador-geral frisou, no entanto, que Lester Toledo é "o principal envolvido neste ataque".
Toledo é um "fugitivo da justiça tristemente famoso que está no estrangeiro", apontou Saab, em referência ao mandado de detenção que o obrigou a abandonar o país em 2016 com base em acusações de financiamento do terrorismo e associação criminosa.
López, fundador juntamente com Toledo do partido Voluntad Popular, vive em Madrid, enquanto Machado é a principal líder da oposição venezuelana, impedida pela Justiça venezuelana de se apresentar como candidata eleitoral, mas que participou da campanha.
Saab referiu ainda que foram registados 60 incidentes durante o processo eleitoral e ocorreram 17 detenções, sendo os casos mais recorrentes (32) por destruição de material eleitoral.
"Alertamos para o facto de os atos de violência e os apelos a não reconhecer os resultados oficiais poderem ser enquadrados como crimes de incitamento público. Com uma pena de 3 a 6 anos de prisão", afirmou ainda Saab, num discurso transmitido pelas televisões locais.
Leopoldo López, radicado em Espanha, reagiu às acusações através das redes sociais, frisando que "este capítulo está apenas a começar e toda a Venezuela está com Edmundo González e María Corina Machado", o candidato e líder da oposição.
"Estes ladrões estão completamente enganados se acreditam que as pessoas vão ficar de braços cruzados perante a FRAUDE. As pessoas sabem que foram roubadas (...). A tareia de 70/30 que Edmundo e MCM (María Corina Machado) deram a Maduro não pode ser escondida", acrescentou.
Já o ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino López, frisou hoje que a "independência sobre o colonialismo" triunfou no país, ao felicitar o Presidente venezuelano, Nicolás Maduro.
"O povo veio em massa para uma festa democrática em paz e a independência triunfou sobre o colonialismo. Na FANB (Força Armada Nacional Bolivariana) felicitamos o nosso comandante em chefe, Nicolás Maduro, pela sua vitória e celebramos o seu novo apelo ao diálogo e à união nacional", destacou Padrino Lopez, através das redes sociais.
[Notícia atualizada às 19h38]
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