De acordo com as fontes, citadas hoje pela agência de notícias espanhola EFE, que pediram para não serem identificadas devido à sensibilidade do assunto, a raiva expressa pelos líderes do Hamas dentro e fora da Faixa de Gaza e a frustração dos mediadores com o assassinato de Haniyeh levaram à interrupção das negociações.
As fontes referiram ainda que vários países árabes e islâmicos manifestaram o seu desagrado pela morte do líder político do Hamas, que era considerado um moderado e um apoiante das negociações para alcançar uma trégua e parar a guerra em curso em Gaza.
As fontes disseram ainda que os mediadores e outros países criticam o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, por querer "impedir qualquer tentativa de parar a guerra e a assinatura de um acordo de tréguas", acusando-o de "cometer crimes e massacres sempre que se registam progressos nas negociações".
Vários países, incluindo o Qatar, denunciaram o assassinato de Haniyeh como um golpe para o processo de negociação, que parecia estar no bom caminho após meses de impasse e acusações cruzadas entre Israel e o grupo islamita palestiniano Hamas de estabelecerem condições inaceitáveis para uma trégua.
"Como é possível haver negociações em que um lado mata o outro lado com o qual está a negociar ao mesmo tempo?", perguntou o primeiro-ministro do Qatar, Mohammed bin Abderrahman, na quarta-feira.
Entretanto, o ministro dos Negócios Estrangeiros do Egito, Badr Abdelatty, manteve hoje uma conversa telefónica com o seu homólogo saudita, Faisal bin Farhan, durante a qual debateram "a perigosa escalada regional dos últimos dias, em resultado das políticas extremistas de Israel e da abordagem assassina que adotou".
De acordo com um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros egípcio, os dois países sublinharam a importância de travar esta escalada e a necessidade de "as grandes potências internacionais, lideradas pelos Estados Unidos, assumirem o seu papel e a sua responsabilidade no abrandamento do ritmo da escalada".
Nos últimos dias, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, falou com os líderes de vários países do Médio Oriente para insistir na importância de continuar a trabalhar para uma trégua em Gaza.
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