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Catalunha. ERC pede respeito pela democracia a Puigdemont

O partido independentista Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) pediu hoje respeito pelos processos democráticos ao também separatista Carles Puigdemont, que condena os republicanos por estarem dispostos a viabilizar um governo "espanholista" na região, liderado pelos socialistas.

Catalunha. ERC pede respeito pela democracia a Puigdemont
Notícias ao Minuto

14:19 - 05/08/24 por Lusa

Mundo Catalunha

Puigdemont, antigo presidente do governo regional catalão e líder do partido Juntos pela Catalunha (JxCat, conservador), reiterou no sábado que pretende regressar a Espanha esta semana, após quase sete anos a viver na Bélgica para fugir à justiça depois de ter protagonizado a declaração unilateral de independência de 2017.

 

O separatista pretende estar presente na sessão parlamentar de investidura do novo presidente do governo regional, na sequência das eleições de 12 de maio, como prometeu durante a campanha eleitoral.

Puigdemont deu, porém, como certo que será detido quando entrar em Espanha e responsabiliza a ERC, por os republicanos terem decidido viabilizar um executivo liderado pelos socialistas do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez.

A ERC pediu hoje a Puigdemont "respeito pelas decisões democráticas", num comunicado em que lembra que o acordo com os socialistas para viabilizar o novo governo da Catalunha foi submetido à votação dos militantes do partido, que lhe deram aval por maioria absoluta.

A direção da ERC exige por isso "uma retificação e um pedido de desculpas" a Puigdemont, acusando o antigo presidente do governo autonómico e o seu partido de estarem a mover-se por "interesses eleitorais".

A ERC lembra que nos últimos anos defendeu e negociou com os socialistas de Pedro Sánchez indultos e amnistia para todos os independentistas catalães.

"Considerar que uma hipotética detenção do presidente Puigdemont seria culpa da Esquerda Republicana é uma ofensa", realça a ERC, no mesmo comunicado.

Após o acordo alcançado entre a ERC e o Partido Socialista da Catalunha (PSC, estrutura regional do Partido Socialista Operário Espanhol, PSOE), o presidente do parlamento catalão, Josep Rull, fará uma ronda de audiências com os partidos na terça-feira e deverá a seguir ser agendado o plenário para a investidura do novo presidente do governo regional (conhecido como Generalitat).

A previsão é que o plenário seja marcado para quinta-feira, mas se Puigdemont - que foi eleito deputado nas últimas eleições - regressar a Espanha e for detido, a sessão poderá ser suspensa, como já admitiram vários partidos representados na assembleia.

Se não houver um novo presidente da Generalitat investido pelo parlamento até 26 de agosto, as eleições na Catalunha terão de ser repetidas, segundo as leis eleitorais da região.

A lei de amnistia para independentistas catalães já foi aprovada pelo parlamento de Espanha e já está em vigor, mas a aplicação cabe aos juízes que tutelam os processos, apreciando caso a caso, com os magistrados a recusarem-na, para já, a Puigdemont, que continua a ser alvo de um mandado de detenção em território espanhol.

Além da ERC, também o partido de esquerda Comuns (não independentista), que irá igualmente viabilizar o novo governo socialista catalão, acusou hoje Puigdemont de querer usar o seu caso pessoal e a sua eventual detenção para fins eleitorais, sem respeito pelo resultado das eleições.

"Só há uma certeza a 100% na Catalunha, é que Puigdemont não será presidente e isso foi decidido pelos catalães e pelas catalãs com o seu voto", disse o dirigente dos Comuns David Cid, à rádio pública espanhola (RTVE).

O PSC, liderado por Salvador Illa, foi o mais votado nas eleições de maio e, por não ter conseguido maioria absoluta, negociou a viabilização de um governo socialista na Catalunha com a ERC e os Comuns (que integram a plataforma Somar, que está na coligação do Governo de Espanha com o PSOE).

Se Salvador Illa for investido presidente da Generalitat, os socialistas regressarão ao poder na região após 14 anos, durante os quais a Catalunha teve sempre governos independentistas e passou por um processo de autodeterminação que culminou com a declaração unilateral de independência de 2017.

Além de o PSC ter vencido as eleições, os partidos independentistas (de esquerda e de direita) perderam a maioria absoluta que tinham no parlamento catalão há mais de uma década, o que abriu um "novo ciclo político" na região espanhola, como reconheceu a própria ERC na semana passada.

A líder da ERC, Marta Rovira, afirmou, na sexta-feira, que perante os "maus resultados" dos independentistas e a impossibilidade de um governo separatista, o partido optou por negociar e assegurar para a região políticas social-democratas, de esquerda, com foco na justiça social e na melhoria dos serviços públicos.

A ERC, que está atualmente à frente da Generalitat, ficou em terceiro nas eleições regionais de maio.

O JxCat, de Puigdemont, foi o segundo partido mais votado.

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