"Não podemos fazer isso, não nos cabe a nós, somos contra a guerra [da Rússia na Ucrânia], somos a favor da paz", disse López Obrador na sua conferência de imprensa matinal, em resposta a uma pergunta.
A reação do governante mexicano surge depois da polémica gerada pelo convite geral feito pela Presidente da República eleita, Claudia Sheinbaum, a todos os Estados com os quais o México mantém relações diplomáticas, entre os quais a Rússia, para assistirem à sua cerimónia de posse, embora não se saiba ainda que países confirmaram a sua presença.
A notícia de que Sheinbaum convidou Putin para a cerimónia causou polémica na imprensa russa na terça-feira, uma vez que o Presidente russo tem um mandado de captura internacional, devido à invasão russa da Ucrânia, em fevereiro de 2022, emitido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), do qual o México é membro.
"A Presidente já o explicou: o México tem relações com quase todos os países do mundo", afirmou López Obrador.
Apesar disso, descartou a presença do Equador e do Peru, porque o seu Governo tem "divergências" com ambos os Estados latino-americanos.
"Agora não temos relações com o Equador, porque eles invadiram a nossa embaixada, e também não há boas relações com o Peru. Estamos a falar de Governos, mas não dos povos, porque respeitamos muito os povos irmãos do Equador e do Peru", sublinhou.
Recordou também que foram convidados todos os Governos com os quais o México tem relações e que são estes quem decide se estarão ou não presentes, e tudo tem que ver com a política diplomática do México.
"Também convidámos todos há cerca de um ano para o último desfile [do Dia da Independência]. Convidámos países que convidamos sempre para participarem, criarem uma delegação e participarem no desfile, e vieram da Rússia, e houve um escândalo tremendo porque eram da Rússia e de outros países", recordou.
A Presidente eleita não especificou na quarta-feira se Putin aceitou ou não o convite e, quando questionada pelos jornalistas, não esclareceu se esperava a presença do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e do Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.
Sheinbaum também não precisou se o Rei de Espanha, Felipe VI, estará presente na cerimónia, depois de ter afirmado, a 30 de julho, que concordava que "devia haver um pedido de desculpas por parte de Espanha" ao México pela "conquista espanhola", que causou "muitos massacres e violência", embora insistindo em que se deve manter relações com aquele país.
Desde 2019 que López Obrador - cujo mandato termina a 30 de setembro - defende que Espanha deve apresentar um pedido de desculpas ao México pelos abusos cometidos na conquista.
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