A Polícia Civil concluiu que não houve crime de racismo no âmbito de uma abordagem feita a quatro adolescentes em maio, no Rio de Janeiro, no Brasil.
Em causa estará a abordagem violenta feita pelas autoridades, que causou um incidente diplomático no Brasil, dado que três deles eram negros e filhos de diplomatas do Gabão no país. A questão causou um debate sobre o racismo policial na região.
Segundo a imprensa brasileira, o relatório que mostra as conclusões dá conta de que não houve "o crime de injúria racial, modalidade típica do crime de racismo ou do próprio crime de racismo" praticado pelos dois agentes.
Ainda de acordo com a responsável pela Polícia Civil, Danielle Bulus Araújo, os depoimentos dos quatro jovens que foram revistados não relataram o uso de qualquer "palavra ofensiva, discriminatórias ou com cunho racial" durante a abordagem. Os jovens em questão têm entre 13 e 14 anos.
Minutos antes, um turista estrangeiro terá abordado a Polícia Militar após ter sido vítima de roubo na praia de Ipanema, situação corroborada por duas testemunhas. Segundo a investigação, a Polícia Militar seguiu aquilo que foi a "descrição" deixada.
No documento as autoridades concluem ainda que "na abordagem não houve tratamento diferenciado para ninguém" e que "todos foram revistados, inclusive o adolescente branco teve a revista padrão da bolsa escrotal enquanto um dos menores negros não sofreu a revista".
As autoridades explicam que como procuravam um fio roubado e que, de forma genérica quando estes crimes ocorrem os "criminosos engolem cordões [fio] ou escondem na cueca", foi feita também uma revista nas partes íntimas (que vai ao encontro do padrão).
"Do que se depreende das imagens obtidas e dos depoimentos prestados, não houve dolo do crime de injúria racial, modalidade típica do crime de racismo ou do próprio crime de racismo", lê-se no relatório citado pela imprensa.
Os filhos dos diplomatas estavam na companhia de outros dois, brasileiros. O caso foi denunciado pelos pais de um destes últimos. A embaixatriz do Gabão no Brasil, Julie-Pascale Moudouté, criticou a abordagem policial, lembrando o jovens foram armados por polícias que mostravam as armas.
O caso foi agora encaminhado para o Ministério Público.
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