Segundo aquela agência de notícias, em comunicado, o novo Governo do Bangladesh, liderado desde quinta-feira passada pelo economista e Prémio Nobel da Paz Muhammad Yunus, refere que uma equipa das Nações Unidas é esperada naquele país "na próxima semana para investigar as atrocidades cometidas durante a revolução estudantil em julho e no início deste mês" e as "violações generalizadas dos direitos humanos".
Sheikh Hasina, de 76 anos, fugiu para a Índia no dia 05 de agosto depois de as ruas da capital, Daca, serem tomadas por manifestantes que exigiam a sua saída após 15 anos de poder e após semanas de protestos que deixaram mais de 450 mortos, incluindo 42 polícias, segundo uma contagem da AFP baseada em fontes hospitalares e policiais.
A AFP relata que o atual líder do Bangladesh falou na quarta-feira, por telefone, com o Alto-Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk.
Entretanto, noticia hoje a agência espanhola Europa Press, a antiga primeira-ministra Hasina, foi acusa da morte de um rapaz de 12 anos durante aqueles protestos, provocados pelo descontentamento pelo sistema de quotas nos cargos públicos.
A Europa Press salienta que este é já o quinto caso, o terceiro por homicídio, de que Hasina é acusada na sequência desta crise política e que outras 15 pessoas foram igualmente acusadas dos mesmos factos, incluindo o secretário-geral do seu partido, a Liga Awami, Obaidul Quader, bem como vários antigos ministros do seu gabinete, como Asaduzzaman Jan, ministro do Interior, Anisul Huq, ministro da Justiça, e Hasan Mahmud, ministro dos Negócios Estrangeiros, entre outros, segundo o The Daily Star.
Também esta semana, foi apresentado um processo por genocídio e crimes contra a humanidade, bem como pela morte de um manifestante que foi baleado indiscriminadamente pela polícia.
O dia 15 de agosto é um dia com significado para o Bangladesh, sendo a data em que se assinala o aniversário do assassínio, em 1975, do pai de Hasina, o herói da independência Sheikh Mujibur Rahman, num golpe militar.
A antiga primeira-ministra não só declarou a data como feriado como instituiu a obrigação dos funcionários públicos prestarem homenagem a Rahman em frente à casa da família onde ocorreu o assassínio, obrigação que o novo Governo provisório, instituído após a queda do regime, pôs fim.
Segundo a AFP, até há pouco tempo, aquela residência era um museu dedicado a Mujibur Rahman, mas foi incendiada e vandalizada por manifestantes poucas horas depois da fuga de Hasina.
Na terça-feira, na sua primeira declaração pública desde o seu exílio, Hasin pediu aos seus apoiantes que se deslocassem ao local para "rezar pela salvação de todas as almas, oferecendo grinaldas de flores".
No entanto, os estudantes que apoiam o movimento de protesto decidiram impedir a homenagem e, explica a AFP, centenas de pessoas formaram uma barricada humana na rua que dá acesso à casa.
A AFP relata ainda que várias pessoas suspeitas de serem apoiantes da Liga Awami, o partido de Hasin, foram espancadas com paus e outras foram levadas à força.
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