Wang, que fez as declarações durante uma reunião, em Pequim, com a enviada especial da ONU para Myanmar, Julie Bishop, apelou ainda para que o processo de paz seja "conduzido e dirigido pelo seu próprio povo" e reiterou o "compromisso com a estabilidade e o desenvolvimento" do país, segundo um comunicado difundido pela diplomacia chinesa.
O ministro sublinhou que a China, enquanto país que faz fronteira com Myanmar, tem um "interesse primordial no restabelecimento da estabilidade e do progresso económico" na nação do Sudeste Asiático.
Manifestou o apoio da China ao "papel central" que a Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) deve desempenhar na resolução do conflito e apelou a Bishop para que "mantenha uma posição objetiva e imparcial" e "trate a relação entre todas as partes de forma equilibrada".
Julie Bishop agradeceu a Wang a disponibilidade para a receber em Pequim numa fase inicial do seu mandato e reconheceu a "complexidade e os desafios" do conflito em Myanmar.
A responsável manifestou o desejo de "manter uma comunicação e colaboração estreitas" com a China para "chegar a um consenso sobre a melhor forma" de resolver a situação no país e "aliviar a crise humanitária".
Wang deslocou-se recentemente a Myanmar, onde apelou para a realização de "eleições inclusivas", uma vez que o poder do exército está a ser enfraquecido por uma ofensiva das guerrilhas das minorias étnicas e das forças pró-democracia.
O responsável chinês afirmou que apoia as eleições organizadas pela junta militar, que detém o poder desde o golpe de Estado de fevereiro de 2021.
Apesar da aparente relação estreita entre a junta e a China, a sua dinâmica é complexa.
A China, o principal parceiro comercial de Myanmar, nação com a qual partilha uma fronteira de 2.129 quilómetros, adota geralmente uma abordagem pragmática em relação ao país volátil, mantendo laços tanto com os generais e os grupos rebeldes como com a oposição pró-democracia, para assegurar os seus muitos projetos em território birmanês, independentemente de quem os lidera.
O golpe de 2021 pôs fim a dez anos de transição democrática e abriu uma espiral de violência que exacerbou a guerra de guerrilha que dura há décadas em Myanmar, com milhares de jovens a juntarem-se a grupos armados que lutam contra o exército.
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