Numa audiência no Tribunal Superior Federal da capital nigeriana, Abuja, o advogado do acusado, Mark Mordi, pediu a libertação por motivos médicos, alegando que o seu cliente requer "atenção urgente" e salientando que "é muito lamentável o que está a acontecer na Nigéria hoje".
Na resposta da Comissão de Delitos Económicos e Financeiros, o procurador Ekene Iheanacho vincou que "o acusado há anos que vive com esta doença [uma hérnia discal] e acrescentou que "não é uma situação nova", considerando, por isso, que não se justifica a saída por motivos médicos, até porque, concluiu, os problemas de saúde do líder da Binance "não são tão graves" como o apresentado.
O arguido, ouvido hoje na audiência, disse que a falta de tratamento adequado causou-lhe um dano permanente nos nervos das costas, o que provocou o seu estado de quase incapacidade para andar.
Uma decisão sobre a sua saída deverá ser tomada na quarta-feira.
A saúde do norte-americano Tigran Gambaryan deteriorou-se desde a sua detenção, em 26 de fevereiro, tinha alertado a mulher, Yuki Gambaryan, em meados de agosto.
"A hérnia discal nas costas agravou-se ao ponto de poder causar danos permanentes e afetar a sua capacidade de andar", afirmou a mulher num comunicado divulgado então, e noticiado pelos meios de comunicação social locais.
"O meu marido, que já esteve em boa forma física e saudável e que adora fazer exercício, está agora confinado a uma cadeira de rodas devido a uma doença tratável que não foi devidamente abordada", acrescentou Yuki Gambaryan, referindo que o marido necessita de "uma cirurgia altamente especializada e arriscada".
O primeiro sinal de que a sua saúde se estava a degradar ocorreu em maio, quando o réu desmaiou no Supremo Tribunal Federal em Abuja, a capital nigeriana.
Apesar do pedido do juiz Emeka Nwite, em julho, para que fosse transferido para um hospital, a mulher queixou-se, a 13 de agosto, de que a sua equipa jurídica não tem acesso à prisão desde 26 de julho.
Tigran Gambaryan foi acusado pelo sistema judicial nigeriano, juntamente com a própria empresa de criptomoedas e outro dos seus executivos, Nadeem Anjarwalla, de nacionalidade britânica e queniana, que fugiu à Justiça na Nigéria e foi detido no Quénia em abril.
Embora uma fonte próxima do processo e fontes de segurança nigerianas tenham garantido à agência noticiosa EFE que a extradição de Anjarwalla está a ser finalizada, este ainda não regressou ao país.
Em meados de junho, o Serviço Federal de Receitas Internas da Nigéria (FIRS) concordou em retirar as acusações de evasão fiscal contra Gambaryan e Anjarwalla e acusar apenas a Binance, depois de a empresa ter nomeado um representante local, Ayodele Omotilewa.
Os dois empresários continuam a ser acusados de branqueamento de capitais no valor de 35,4 mil milhões de dólares (cerca de 33 mil milhões de euros) e de envolvimento em atividades financeiras ilegais na Nigéria.
Gambaryan viu ser-lhe negada a fiança pela Justiça nigeriana por risco de fuga.
Leia Também: Estado de saúde de norte-americano julgado na Nigéria está a piorar