"É bastante óbvio que a matança de civis e os ataques a infraestruturas críticas são elementos-chave da estratégia militar russa. Esta brutalidade deliberada destina-se, entre outras coisas, a intimidar, não só a Ucrânia, mas também, na maior parte, os nossos parceiros, para evitar decisões que permitiriam à Ucrânia atacar o território russo a longa distância", disse hoje o representante da Ucrânia na ONU.
Sergiy Kyslytsya disse que a "lógica gangster" do Presidente russo, Vladimir Putin, é "espancar a vítima com tal brutalidade que os transeuntes nem sequer tentam protegê-la".
O representante manifestou preocupação tanto com a utilização de armas norte-coreanas como com os recentes relatórios sobre o envio de mísseis balísticos do Irão para a Rússia.
"Putin já derramou tanto sangue que as tentativas da Rússia de intimidar o mundo com 'linhas vermelhas' simplesmente não funcionam. É claro que a população civil da Ucrânia estará muito melhor protegida se movermos a mira dos nossos mísseis acima das nossas cabeças para o seu lançamento e locais de armazenamento", insistiu o diplomata ucraniano.
Por fim, afirmou que a Ucrânia "quer realmente acabar" com o conflito ao mesmo tempo que tenta "salvar o seu povo e o seu Estado", enquanto a Rússia "não quer a paz e está obcecada pelas conquistas territoriais".
Por sua vez, o representante permanente da Rússia nas Nações Unidas, Vasili Nebenzia, afirmou que "bandidos ucranianos" desencadearam "terror genuíno contra a população civil" na sua invasão de Kursk.
"Vieram recentemente à luz terríveis provas de que os nazis ucranianos balearam três crianças com idades entre os 10 e os 12 anos na aldeia de Malaya Loknya. Os meios de comunicação social divulgaram imagens do massacre (...) contra idosos nesta zona residencial", disse.
Em referência aos ataques russos contra a população civil, Nebenzia afirmou tratar-se de "falhas da defesa aérea ucraniana" e não de "ataques seletivos russos", após o que criticou o silêncio sobre os alegados crimes de guerra ucranianos.
Da mesma forma, explicou que os últimos ataques russos tiveram como alvo uma "instituição de ensino militar em Poltava onde foram treinados especialistas em radar e guerra eletrónica" e um "hotel em Krivoy Rog onde residiam oficiais dos serviços de inteligência ucranianos", além de campos de aviação, arsenais de armas e munições ou fábricas de drones, entre outras infraestruturas relacionadas com a indústria militar.
Acusou ainda os países ocidentais de estarem envolvidos no conflito, numa referência ao alegado "desaparecimento repentino de militares norte-americanos, britânicos, franceses, polacos e suecos de alto escalão" devido aos últimos bombardeamentos russos.
"Vemos cada vez mais cidadãos de países ocidentais entre os que morrem na Ucrânia, o que apenas confirma que o Ocidente está no conflito ucraniano e está agora a fazer esforços incríveis para garantir que Zelensky possa permanecer à tona pelo menos por algum tempo", acrescentou.
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