Mais de 20 mil feridos em Gaza sem meios de reabilitação

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que pelo menos um quarto dos feridos do conflito em Gaza, cerca de 22.500 palestinianos, tenham ferimentos que "mudaram a sua vida e exigem serviços de reabilitação" cada vez menos disponíveis.

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© X (antigo Twitter) - @DrTedros

Lusa
12/09/2024 14:14 ‧ 12/09/2024 por Lusa

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"O enorme aumento das necessidades de reabilitação ocorre em paralelo com a contínua dizimação do sistema de saúde", sublinhou hoje, em conferência de imprensa, o representante da OMS para os territórios palestinianos ocupados, segundo o qual "é urgentemente necessário apoio imediato e a longo prazo para dar resposta às enormes necessidades de reabilitação".

 

Dando conta de que "a análise revelou que as lesões graves nos membros, estimadas entre 13.455 e 17.550, são o principal fator de necessidade de reabilitação" e "muitos dos feridos têm mais do que uma lesão", Richard Peeperkorn assinalou que, face à destruição do sistema de saúde desde que Israel lançou a operação militar em Gaza, "os doentes não conseguem obter os cuidados de que necessitam" e "os serviços de reabilitação aguda foram gravemente afetados e não estão disponíveis cuidados especializados para lesões complexas, o que põe em risco a vida dos doentes".

Segundo a análise hoje publicada com vista a estimar as necessidades de reabilitação em Gaza, "atualmente, apenas 17 dos 36 hospitais permanecem parcialmente funcionais em Gaza, enquanto os cuidados de saúde primários e os serviços a nível comunitário são frequentemente suspensos ou tornados inacessíveis devido à insegurança, aos ataques e às repetidas ordens de evacuação".

"O único centro em Gaza de reconstrução e reabilitação de membros, localizado no Complexo Médico Nasser e apoiado pela OMS, deixou de funcionar em dezembro de 2023 devido à falta de fornecimentos e ao facto de os profissionais de saúde especializados terem sido forçados a partir em busca de segurança, tendo ficado mais tarde danificado na sequência de um ataque em fevereiro de 2024", aponta o relatório.

Além disso, prossegue, "tragicamente, grande parte da força de trabalho de reabilitação em Gaza está agora deslocada", sendo que, "segundo relatos, 39 fisioterapeutas foram mortos até 10 de maio" passado.

"Os serviços de reabilitação e de próteses em regime de internamento deixaram de estar disponíveis e o número de pessoas com ferimentos que necessitam de produtos de assistência excede largamente o equipamento disponível em Gaza. Os parceiros referem que artigos de assistência essenciais, como cadeiras de rodas e muletas, se esgotaram e que é difícil reabastecer os equipamentos de Gaza", descreve o relatório.

Relativamente à natureza das lesões dos feridos em Gaza até 23 de julho passado, "registaram-se também entre 3.105 e 4.050 amputações de membros", observando a OMS que "os grandes surtos de lesões da espinal medula, de traumatismos cranioencefálicos e de queimaduras graves contribuem para o número total de lesões que mudam a vida de muitos milhares de mulheres e crianças".

A OMS salienta que esta análise foca-se apenas nas novas lesões sofridas desde a escalada das hostilidades em outubro de 2023, com o lançamento da operação israelita após os ataques terroristas do Hamas, enfatizando que, "dezenas de milhares de palestinianos em Gaza já viviam com doenças crónicas e deficiências antes disso, colocando-os em risco significativo devido à falta de serviços adequados".

"No meio das hostilidades em curso, é fundamental garantir o acesso a todos os serviços de saúde essenciais, incluindo a reabilitação, para prevenir a doença e a morte", conclui a OMS, que reitera o apelo a cessar-fogo, considerado "fundamental para a reconstrução do sistema de saúde, a fim de fazer face ao aumento das necessidades".

Desde o início da guerra em Gaza, em outubro passado, mais de 41 mil palestinianos foram mortos e mais de 94.800 ficaram feridos devido aos incessantes ataques israelitas, segundo dados do Ministério da Saúde do enclave, governado pelo Hamas.

Leia Também: Morte de funcionários da ONU em Gaza é "totalmente inaceitável"

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