Depois da conturbada ida às urnas na Venezuela, no final de julho, das críticas de países que não reconheceram os resultados eleitorais que deram a reeleição a Nicolás Maduro, das manifestações com milhares nas ruas... os problemas em Caracas não param de 'nascer' - e florescer além-fronteiras.
Uma semana depois de o candidato presidencial da oposição, Edmundo González Urrutia, se ter exilado em Espanha, para "continuar a luta a partir de fora", e com menor risco dada a reeleição de Maduro, há espanhóis que ficam na Venezuela - detidos.
O caso foi anunciado este fim de semana, com o governo venezuelano a fazer acusações graves não só a estes dois cidadãos espanhóis, como também a outros quatro cidadãos - três norte-americanos e um checo.
Segundo o que o ministro do Interior, Diosdado Cabello, explicou no sábado, os cidadãos espanhóis em questão estariam a tirar fotografias de instalações num aeroporto e estariam também interessados em saber como poderiam obter explosivos. De acordo com o responsável pela pasta, tratam-se de José María Basoa e Andrés Martínez Adasme.
As autoridades venezuelanas anunciaram também a apreensão de cerca de 400 espingardas provenientes dos EUA.
Cabello associou o alegado plano aos serviços secretos espanhóis e norte-americanos, bem como à líder da oposição Maria Corina Machado.
"Contactaram mercenários franceses, contactaram mercenários da Europa de Leste e estão a levar a cabo uma operação para tentar atacar o nosso país", referiu o governante, falando de um alegado plano para "gerar violência e desestabilizar" o país.
Segundo Cabello, um dos norte-americanos detidos é um fuzileiro, e Washington já disse que as acusações de que a CIA poderia estar envolvida nessa situação, onde poderia estar planeado assassínio de Maduro, são "categoricamente falsas".
Washington já confirmou a detenção do militar, assim como que terá informações "ainda não confirmadas" sobre os outros dois detidos.
Já a União Europeia, pela voz de Josep Borrell, reagiu este domingo à questão, dizendo que a Venezuela "não era uma democracia", nem antes nem depois destas últimas eleições. E falou também do opositor exilado da fuga de González Urrutia, que está em Espanha, onde pediu asilo político, as "mil limitações" a que estão sujeitos os partidos políticos e os "sete milhões de venezuelanos que fugiram do país". "Como se chama a isto tudo? Bem, naturalmente, é um regime ditatorial, autoritário", concluiu.
Recorde-se que o Conselho Nacional Eleitoral declarou Maduro vencedor das eleições, com 52% dos votos. No entanto, a oposição afirma que Gonzalez Urrutia obteve mais de 60% dos votos, com base nos relatórios fornecidos pelos seus escrutinadores.
Os Estados Unidos reconheceram Gonzalez Urrutia como presidente e anunciaram na quinta-feira sanções contra 16 pessoas próximas de Maduro por "obstrução às eleições presidenciais".
Caracas rejeitou imediatamente estas medidas, com o ministro da Defesa, Vladimir Padrino, a garantir, na sexta-feira, que as forças armadas "não eram corruptíveis" e não seriam intimidadas pelos EUA.
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