Centenas saíram à rua para recordar Mahsa Amini em Paris. As imagens
Centenas de pessoas marcharam hoje em Paris para manifestar o seu apoio à sociedade civil iraniana, dois anos após a morte de Mahsa Amini, sob custódia, com apenas 22 anos, por não respeitar o código de vestuário islâmico.
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Mundo Mahsa Amini
Chirinne Ardakani, advogada franco-iraniana e membro do Coletivo de Justiça do Irão, afirmou, em declarações à AFP, que os "sacrifícios" feitos pelos iranianos que se opõem ao regime "não foram em vão".
"Tudo mudou no Irão, nas atitudes, na sociedade", disse a ativista. "Passámos de uma cultura absolutamente patriarcal, em que as mulheres não podiam revelar-se na rua, para um apoio maciço a estas mulheres".
Entraram hoje em greve de fome 34 mulheres iranianas presas, para "comemorar" o segundo aniversário do movimento "Mulheres, Vida, Liberdade", um gesto também sublinhado por Ardakani. "Vimos que a secção feminina da prisão de Evin se estabeleceu como um bastião de resistência nesta luta pelas mulheres iranianas, pela democracia e pela liberdade", afirmou.
A marcha, organizada por um grupo de cerca de vinte associações de defesa dos direitos humanos, também recebeu o apoio de Benjamin Brière e Louis Arnaud, dois franceses que foram presos e detidos arbitrariamente no Irão, antes de serem libertados em maio de 2023 e em junho passado, respetivamente.
O Irão é acusado de prender ocidentais sem motivo e de os utilizar como moeda de troca em negociações entre Estados. Os diplomatas franceses descrevem estes prisioneiros como "reféns do Estado".
"É irónico que eu esteja aqui hoje, depois de ter passado quase dois anos na prisão de Evin pelo meu alegado envolvimento nas manifestações de setembro de 2022", afirmou Louis Arnaud, que falou publicamente pela primeira vez desde a sua libertação.
"Sim, estive na prisão, mas é uma honra imensa ter podido viver entre vós, combatentes da liberdade, que partilhastes o meu sofrimento", continuou, citado pela agência de notícias francesa.
Sylvie Brigot, diretora-geral da Amnistia Internacional, denunciou a continuação da repressão. "A pena de morte continua a ser utilizada em grande escala como instrumento de destilação do medo", lamentou. "E há ainda milhares e milhares de pessoas injustamente detidas sem julgamento", sublinhou.
Três outros cidadãos franceses continuam detidos no Irão: o casal Cécile Kohler e Jacques Paris, detido em maio de 2022 e acusado de ser espião, e um homem de nome Olivier, cujo apelido não foi divulgado.
Execuções em grande escala, impunidade dos autores, perseguição dos familiares em luto: o panorama no Irão é sombrio, dois anos após uma revolta popular que muitos esperavam que marcasse um ponto de viragem na história da república islâmica.
No exílio ou atrás das grades, os ativistas anti-regime querem acreditar que o movimento de protesto nascido após a morte de Mahsa Amini - uma iraniana curda de 22 anos detida em setembro de 2022 por não respeitar o rigoroso código de vestuário islâmico - não terá sido em vão.
Denunciando o uso obrigatório do véu e o conservadorismo religioso, os manifestantes, liderados por mulheres, desafiaram as autoridades iranianas durante meses, não obstante a forte repressão a que foram sujeitos: pelo menos 551 pessoas foram mortas e milhares de outras detidas, segundo as ONG de defesa dos direitos humanos.
Embora os protestos sejam agora limitados e esporádicos, as autoridades iranianas continuam a calá-los metodicamente: o Irão executou dez homens condenados à morte em processos ligados ao movimento, o último dos quais, Gholamreza Rasaei, de 34 anos, foi enforcado em agosto, poucos dias depois da tomada de posse do novo Presidente, Massoud Pezeshkian.
Os grupos de defesa dos direitos humanos denunciam igualmente o número crescente de execuções por todo o tipo de delitos, destinadas a criar medo e a dissuadir os opositores de qualquer predisposição para a dissidência.
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