Comunistas condenam tratamento cruel de jovens detidos na Venezuela

O Partido Comunista da Venezuela (PCV) condenou os "tratamentos cruéis" e tortura de um grupo de adolescentes detidos no âmbito de protestos após a divulgação dos resultados das presidenciais de 28 de julho.

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Lusa
18/09/2024 07:20 ‧ 18/09/2024 por Lusa

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Venezuela

"Os familiares desses jovens têm denunciado que têm sido torturados com eletricidade, mecanismos de asfixia e espancamentos para que gravem vídeos admitindo crimes que não cometeram", disse terça-feira a porta-voz do PCV.

 

Numa conferência de imprensa, em Caracas, Neirlay Andrade explicou ainda que se tratam de "menores de idade" que foram detidos arbitrariamente em bairros populares de Caracas.

"O PCV exige a liberdade imediata destes jovens e de todas as pessoas detidas arbitrariamente na escalada da repressão pós-eleitoral", acrescentou Andrade.

A porta-voz explicou que o PCV se juntou a uma campanha de diversas organizações políticas, sociais e sindicais, para exigir a libertação dos detidos.

O partido irá instalará, na Plaza Brión de Chacaíto (leste de Caracas) "um ponto de recolha de artigos de higiene pessoal e alimentos não perecedouros para os detidos", acrescentou Andrade.

Cerca de 50 dias após as presidenciais, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) "continua a negar-se a divulgar os resultados desagregados por assembleia de voto e a vontade do povo permanece refém dos poderes ao serviço da cúpula do Governo e do Partido Socialista Unido da Venezuela", no poder, lamentou a dirigente.

Por isso o PCV vai juntar-se a uma iniciativa promovida pelo ex-candidato presidencial Enrique Márquez para pedir à Câmara Constitucional do Supremo Tribunal de Justiça que reveja a decisão da Câmara Eleitoral do mesmo tribunal, que validou a reeleição do atual Presidente da República, Nicolás Maduro.

"A decisão da Câmara Eleitoral viola a Constituição. A soberania popular deve ser respeitada e os resultados desagregados por assembleia de voto devem ser divulgados", afirmou Andrade.

O PCV condenou "o encerramento de estações e de programas de rádio, assim como as ameaças contra meios de comunicação social e jornalistas que documentam as arbitrariedades cometidas antes, durante e depois das eleições".

Em 11 de setembro, a organização não-governamental venezuelana Fórum Penal (FP) indicou que o número de presos políticos no país aumentou para 1.808, o maior deste século.

A grande maioria, 1.673, estão detidos desde 29 de julho, início dos protestos pós-eleições , adiantou a organização, na rede social X (antigo Twitter).

De acordo com a FP, entre os detidos estão 1.582 homens e 226 mulheres, 1.651 são civis e 157 militares, incluindo 60 adolescentes.

A CNE atribuiu a vitória nas eleições ao atual Presidente do país, Nicólas Maduro, com pouco mais de 51% dos votos, enquanto a oposição afirma que o seu candidato, o antigo diplomata Edmundo González Urrutia obteve quase 70% dos votos.

A oposição venezuelana e muitos países denunciaram uma fraude eleitoral e exigiram que sejam apresentadas as atas de votação para uma verificação independente.

Os resultados eleitorais foram contestados nas ruas, com manifestações reprimidas pelas forças de segurança, com o registo, segundo as autoridades, de mais de 2.400 detenções, 27 mortos e 192 feridos.

A Venezuela conta com uma expressiva comunidade de portugueses e de lusodescendentes.

Leia Também: Venezuela protesta perante UE contra "contínuas ingerências" de Borrell

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