"Podemos ver que Israel está a começar a intensificar os seus ataques ao Líbano, passo a passo", disse Fidan numa entrevista em direto no canal de televisão estatal TRT, citado pela agência francesa AFP.
Fidan alertou que "a escalada na região é preocupante".
"Chegámos a um ponto em que, perante estas operações cada vez mais provocatórias, o Irão, o Hezbollah e os seus aliados mais próximos não têm outra alternativa senão reagir", advertiu.
O ministro turco, que esteve em Amã na quarta-feira, avisou que "a Jordânia não tenciona ficar calada" perante as ações de Israel, o que considerou também ser alarmante.
"Há um risco de guerra que envolve a Jordânia, o Egito e toda a região", afirmou, apelando à comunidade internacional para "pôr fim à situação antes que seja tarde demais".
"O Governo israelita fanático está a seguir uma estratégia que visa eliminar todas as ameaças. (...) Esta loucura não prejudica apenas os palestinianos. Também hipoteca o futuro dos israelitas", disse Fidan.
Antigo diretor do poderoso serviço de informações turco, o MIT, Fidan referiu ainda que a detonação à distância de dispositivos de comunicação, 'pagers' e 'walkie-talkies, é "um método frequentemente utilizado pelos serviços de informações".
"A diferença aqui é que acontece numa escala muito grande. Israel infiltrou-se nas empresas envolvidas nas aquisições do Hezbollah utilizando informações técnicas e humanas", acrescentou.
As explosões de milhares de pagers' e 'walkie-talkies' causaram 32 mortos e mais de 3.200 feridos, de acordo com as autoridades libanesas.
O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, também já tinha acusado Israel de alargar o conflito em Gaza a toda a região num comunicado divulgado na quarta-feira, após uma conversa telefónica com o primeiro-ministro libanês, Nayib Mikati.
"As tentativas de Israel de alargar os conflitos à região são extremamente perigosas", declarou Erdogan, que assegurou que "os esforços para travar a agressão israelita vão continuar".
Os incidentes sem precedentes suscitaram o receio da eclosão de uma guerra aberta no Líbano, associados a declarações de militares israelitas a anunciar a deslocação do foco da guerra na Faixa de Gaza para a região fronteiriça israelo-libanesa.
A região tem sido palco de tiros cruzados de Israel e do Hezbollah desde o início da guerra em Gaza entre as forças israelitas e o grupo islamita palestiniano Hamas, aliado do grupo xiita libanês.
A guerra foi desencadeada pelo ataque do Hamas em solo israelita e 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e duas centenas de reféns.
Israel respondeu com uma ofensiva na Faixa de Gaza que provocou mais de 41.200 mortos em 11 meses de combates.
Leia Também: 'Pagers': Explosões no Líbano violam Direito Internacional Humanitário?