O rumor foi posto a circular após a retirada das tropas da missão de paz da província oriental de Kivu do Sul.
"Já indiquei à imprensa que esta data, que sempre foi mais um boato do que uma realidade, e menos ainda uma certeza, é um pouco uma fantasia. [...] Queria dissipar completamente esse boato, pois nunca foi deixada prova disso, nem pelas autoridades, nem por nós, nem pelo Conselho de Segurança da ONU", disse na sexta-feira Lacroix, no final da viagem que fez esta semana à RDCongo.
"Estamos em meados de setembro e estamos agora numa fase de consultas que começou recentemente, após a formação do Governo (congolês) em junho", explicou o alto funcionário da ONU, citado pela imprensa.
Segundo Lacroix, as conversações abordarão, entre outras questões, as expectativas das autoridades congolesas em relação à Monusco para delinear os próximos passos e atribuir novos recursos com base nas necessidades atuais.
O mandato da missão está agora limitado às províncias orientais de Kivu do Norte e Ituri, depois de a missão ter cessado as suas operações em Kivu do Sul em abril, na sequência da decisão nesse sentido do Conselho de Segurança em dezembro de 2023.
Depois, este órgão da ONU aprovou uma prorrogação de um ano do mandato da Monusco, mas também a sua "retirada gradual, responsável e sustentável do país", sem pormenorizar.
"No ano passado concluímos um plano de retirada da Monusco com o Governo, que previa uma primeira fase no Kivu do Sul. O resto do processo será objeto de consultas regulares com o Governo congolês. A retirada do Kivu do Sul foi realizada e agora temos de aprender lições desta retirada", afirmou Lacroix.
Em novembro de 2023, o então Ministro dos Negócios Estrangeiros congolês, Christophe Lutundula, anunciou um acordo alcançado entre a RDCongo e a ONU para a saída gradual da missão depois de os protestos populares contra a organização se terem intensificado em 2022 no leste do país, onde a Monusco está destacada para apoiar a luta do exército congolês contra mais de uma centena de milícias.
A população acusa-a de não ter feito o suficiente e, nos protestos que eclodiram em junho de 2022, os manifestantes atacaram e saquearam instalações da ONU em vários locais do país, deixando pelo menos 33 mortos, incluindo civis e quatro elementos das forças de manutenção da paz, segundo dados oficiais.
Nas últimas duas décadas, cerca de 16.300 militares uniformizados destacados pelas forças da ONU protegeram os civis, conduzindo operações e patrulhas regulares, apoiando diálogos comunitários e iniciativas de envolvimento no extremo leste da RDCongo, atolado em conflitos alimentados por grupos rebeldes e pelo Exército regular.
A missão de paz na RDCongo é uma das mais antigas da ONU no mundo, pois está presente no país desde 01 de junho de 2010, quando substituiu a anterior Missão das Nações Unidas, a MONUC.
Leia Também: Emirados Árabes Unidos enviam para África aviões com vacinas para mpox