"À medida que aumenta a violência armada entre Israel e o Hezbollah, quando as consequências para os civis já são terríveis, tememos que uma invasão terrestre israelita em grande escala no Líbano só agrave o sofrimento", disse a porta-voz do Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH), Liz Throssell, durante uma conferência de imprensa.
O Alto-Comissariado, referiu a porta-voz, está "seriamente preocupado com o aumento das hostilidades no Médio Oriente e com o facto de haver o risco de arrastar toda a região para uma catástrofe humanitária e de direitos humanos".
Após o golpe sofrido pelo grupo armado xiita libanês com a morte do seu líder Hassan Nasrallah, que aconteceu na sexta-feira num ataque israelita perto de Beirute, os líderes israelitas alertaram que a guerra contra o Hezbollah não terminou.
O exército israelita anunciou que lançou operações terrestres "limitadas, localizadas e direcionadas" na noite de segunda-feira, apoiadas pela aviação e pela artilharia, contra os "alvos e infraestruturas terroristas" do Hezbollah.
Os ataques aéreos visaram simultaneamente os subúrbios a sul de Beirute, um bastião do Hezbollah, os arredores de Damasco na Síria, assim como a Faixa de Gaza, onde Israel mantém uma ofensiva militar desde 07 de outubro de 2023 contra o grupo islamita Hamas.
"Os riscos de ver a situação deteriorar-se ainda mais, com consequências já terríveis para os civis, e observar a situação espalhar-se rapidamente para outros Estados da região são reais", alertou Liz Throssell.
A porta-voz sublinhou que "no norte de Israel e em partes do norte da Cisjordânia ocupada, as sirenes soaram e os residentes foram instruídos a permanecer perto dos abrigos, limitar os seus movimentos e evitar aglomerações".
"O impacto da escalada resultante dos ataques com mísseis Huthis do Iémen contra Israel e dos ataques israelitas em resposta é também de grande preocupação", acrescentou.
"Muitas crianças, mulheres e homens inocentes foram mortos e está a acontecer muita destruição", disse a porta-voz, apelando a todas as partes no conflito "para distinguirem claramente entre alvos militares e civis".
O Alto-Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, instou todas as partes a prosseguirem as negociações para colocar fim à atual violência, recordando que os responsáveis pelas violações do direito internacional humanitário deverão responder pelos seus atos.
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