Numa atualização sobre o conflito, que se aproxima do milésimo dia, Turk disse ao Conselho dos Direitos Humanos, em Genebra, Suíça, que o seu gabinete recolheu testemunhos de 174 prisioneiros de guerra ucranianos desde março de 2023.
"Quase todos deram relatos credíveis e detalhados de tortura ou maus-tratos" durante o cativeiro, afirmou, citado pela agência espanhola EFE.
Dos 203 prisioneiros de guerra russos na Ucrânia entrevistados no mesmo período, cerca de metade relataram tortura e maus-tratos.
Dez dos prisioneiros de guerra russos relataram violência sexual.
No caso dos detidos russos na Ucrânia, os maus-tratos ocorreram nas fases iniciais do cativeiro, normalmente em trânsito para centros de detenção onde essas práticas cessaram, disse Turk.
Os detidos ucranianos foram vítimas de tortura em todas as fases da detenção, afirmou o chefe dos direitos humanos das Nações Unidas.
"Nos poucos casos em que figuras externas às autoridades russas puderam visitar os centros de detenção, esses maus-tratos cessaram temporariamente e as condições melhoraram, um sinal de que as autoridades estavam cientes dessas práticas", relatou.
Apesar da redução do impacto mediático da guerra iniciada há quase três anos, Turk disse que o mês de julho registou o maior número de mortes de civis na Ucrânia desde outubro de 2022.
Para isso, contribuíram os ataques coordenados pela Rússia em 08 de julho contra alvos em todo o país vizinho.
Os ataques com mísseis e 'drones' também continuaram, bem como os ataques contínuos das forças armadas russas, numa tentativa de expandir as áreas de controlo em território ucraniano.
"As forças russas continuam a atacar sistematicamente as infraestruturas energéticas críticas da Ucrânia, com pelo menos quatro ofensivas nos últimos três meses", afirmou.
Turk alertou para os efeitos que a situação poderá ter novamente no país quando chegar o inverno e a procura de energia aumentar, tendo já sido registados vários apagões durante o verão.
"Exorto uma vez mais a Federação Russa a cumprir as suas obrigações internacionais e a cessar o ataque armado", concluiu.
A Rússia foi suspensa do Conselho dos Direitos Humanos em 2022, na sequência da invasão da Ucrânia.
Desconhece-se o número de baixas militares e civis na guerra russa contra a Ucrânia, iniciada há quase 960 dias, mas diversas fontes, incluindo a ONU, têm admitido que serão elevadas.
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