A carta, assinada pelo chefe da diplomacia dos Estados Unidos da América (EUA), Antony Blinken, e pelo secretário da Defesa, Lloyd Austin, foi enviada no domingo às autoridades israelitas, mas só hoje foi publicada por vários meios de comunicação social norte-americanos, incluindo a estação CNN.
A missiva é dirigida aos ministros israelitas da Defesa, Yoav Gallant, e dos Assuntos Estratégicos, Ron Dermer.
No texto, Washington manifesta "profunda preocupação" pelo facto de a quantidade de ajuda entregue a Gaza ter diminuído mais de 50% e de a quantidade entregue em setembro ao enclave palestiniano "ter sido a mais baixa de todos os meses do ano passado".
Nesse sentido, Blinken e Austin exigiram "uma ação urgente e sustentada" para inverter a situação e avisaram que os Departamentos de Estado e de Defesa dos EUA, ao abrigo da legislação norte-americana, "devem avaliar continuamente" o cumprimento por parte de Israel das garantias dadas no início do ano de que não restringiria a ajuda humanitária.
"Israel deve autorizar a entrada de pelo menos 350 camiões por dia em Gaza através dos quatro principais pontos de passagem, abrir um quinto ponto de passagem e implementar pausas humanitárias em Gaza durante o próximo mês, conforme necessário", afirmam os dois governantes norte-americanos.
Israel, prosseguem, deve também tomar medidas para garantir que os corredores das forças armadas jordanas funcionem "em plena e contínua capacidade".
Blinken e Austin disseram estar também "preocupados" com as recentes ações do Governo israelita, incluindo a suspensão das importações comerciais e a negação ou impedimento de quase 90% do movimento humanitário entre o norte e o sul de Gaza em setembro e a imposição de novos controlos e requisitos aduaneiros.
A missiva da administração norte-americana dá a entender que o envio de armas para Israel pode ficar em risco se Telavive não melhorar a situação humanitária na Faixa de Gaza em 30 dias.
Segundo a data em que a carta é assinada, domingo, dia 13, a administração liderada pelo Presidente Joe Biden insta as autoridades israelitas a inverterem a situação humanitária na Faixa de Gaza dentro de um prazo que culminará pouco depois das eleições presidenciais norte-americanas de 05 de novembro.
A guerra em curso em Gaza foi desencadeada por um ataque sem precedentes do Hamas em Israel que causou cerca de 1.200 mortos e duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.
Após o ataque do Hamas, Israel desencadeou uma ofensiva em grande escala na Faixa de Gaza, que já provocou mais de 41 mil mortos, na maioria civis, e um desastre humanitário, desestabilizando toda a região do Médio Oriente.
Em setembro passado, o Ministério da Defesa israelita anunciou um novo pacote de ajuda norte-americano, no valor de 8,7 mil milhões de dólares (7,7 mil milhões de euros) "em apoio do esforço militar contínuo de Israel".
No fim de semana passado, o Departamento de Defesa divulgou que Washington ia instalar em Israel um sistema de defesa antimísseis de alta altitude, que será manobrado por militares norte-americanos.
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