Macron proferiu tais palavras durante a reunião de hoje do Conselho de Ministros francês no palácio do Eliseu (sede da presidência de França), noticiou a comunicação social francesa, citando alguns dos ministros do executivo.
O chefe de Estado francês referia-se ao facto de a Assembleia-Geral da ONU ter aprovado em 1947 o plano para a divisão da Palestina entre um Estado judaico (Israel) e outro árabe.
Macron respondeu assim ao novo pedido que Netanyahu emitiu na segunda-feira para que os capacetes azuis da missão de paz da ONU no Líbano (FINUL) se retirem "temporariamente" do país, o que as Nações Unidas rejeitam.
Trata-se de mais um passo na crescente divergência entre os dois governantes, depois de França ter condenado as ações de Israel no Líbano, especialmente os repetidos ataques a quartéis e posições da FINUL, que causaram vários feridos entre os soldados da paz.
Macron apelou também para que cessem os fornecimentos estrangeiros de armamento àquela zona, para impedir que o conflito no Médio Oriente degenere numa guerra regional.
O chefe do executivo israelita, Benjamin Netanyahu, ripostou hoje às declarações de Macron afirmando que a criação do seu país resultou da "guerra de independência" de 1948, e não de uma decisão da ONU.
"Uma chamada de atenção ao Presidente de França: não foi a resolução da ONU que fundou o Estado de Israel, mas sim a vitória alcançada na guerra de independência com o sangue de combatentes heróicos, muitos dos quais eram sobreviventes do Holocausto - nomeadamente do regime de Vichy em França", declarou Netanyahu num comunicado.
Netanyahu indicou igualmente que não aceitará um cessar-fogo "unilateral" de Israel no Líbano e que qualquer solução para o conflito passará por eliminar a presença do partido-milícia xiita libanês Hezbollah junto à sua fronteira norte.
"O primeiro-ministro deixou claro que Israel não aceitará qualquer acordo (...) que não impeça o Hezbollah de se reorganizar e rearmar", indicou o gabinete de Netanyahu num breve comunicado.
Netanyahu criticou também a conferência anunciada por Paris para 24 de outubro sobre o Líbano, que contará com a participação de países como a África do Sul e a Argélia, muito críticos das ofensivas israelitas.
Há três dias, Macron manteve uma conversa telefónica com o presidente da Câmara dos Deputados libanesa, Nabih Berri, na qual lhe disse que o grupo xiita Hezbollah deve cessar "imediatamente" os seus ataques, no âmbito de um cessar-fogo que deve também aplicar-se a Israel.
Uma semana antes, o Presidente francês tinha instado ao fim do fornecimento de armas a Israel, que são utilizadas para atacar a Faixa de Gaza e o Líbano, seguindo o exemplo de França, argumentando que "não se combate o terrorismo sacrificando a população civil", o que desencadeou uma reação furiosa de Netanyahu.
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