"Parece que Israel pensa que matar os nossos líderes significa o fim do nosso movimento e da luta do povo palestiniano. O Hamas é um movimento liderado por pessoas que procuram a liberdade e a dignidade e que não pode ser eliminado", disse Bassem Naim, chefe das relações políticas e internacionais do gabinete político do Hamas.
"A eliminação dos seus líderes não significa nem o fim do movimento nem o fim da luta do povo palestiniano", frisou o representante.
Esta é a primeira declaração do Hamas após Israel ter anunciado na quinta-feira a morte, no dia anterior, do seu líder em confrontos armados com Israel no sul de Gaza, embora o grupo não confirme explicitamente a morte de Sinouar.
"Acreditamos que o nosso destino é uma de duas coisas boas: ou a vitória ou o martírio", acrescentou.
A declaração do Hamas destaca ainda que nenhuma das incursões de Israel contra alguns dos seus líderes, como o comandante Salah Sehadeh, o primeiro chefe das Brigadas al-Qassam, o braço armado do grupo extremista palestiniano, conseguiu enfraquecer a milícia.
"As mortes dos nossos líderes tornam o grupo mais forte e mais popular e, ao mesmo tempo, todos eles são lembrados como ícones entre as gerações futuras que continuarão o caminho rumo a uma Palestina livre", prosseguiu.
"Sim, é muito doloroso e angustiante perder entes queridos, especialmente líderes extraordinários como os nossos, mas o que temos a certeza é que finalmente sairemos vitoriosos; este será o resultado para todas as pessoas que lutaram pela sua liberdade", acrescentou o representante.
Segundo refere a agência noticiosa espanhola EFE, "a verdade é que a morte de Sinouar marca um antes e um depois no decurso do conflito regional", uma vez que o grupo palestiniano já ficou decapitado após as eliminações do chefe do gabinete político, Ismail Haniyeh, e do chefe militar, Mohamed Deif.
O Hamas, que controla a Faixa de Gaza desde 2007, não menciona nenhum destes três líderes na declaração.
"O Hamas não governará mais Gaza. É o início do dia pós-Hamas", disse na quinta-feira o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, poucas horas depois de o Exército israelita ter confirmado a morte de Sinouar.
Netanyahu alertou, no entanto, que a guerra na Faixa de Gaza, que acumulou mais de 42.400 mortes palestinianas, na maioria civis, ainda não terminou e que há ainda "muitos desafios pela frente".
Ao mesmo tempo, enviou uma mensagem à região, especificamente ao Líbano, onde as tropas israelitas continuam uma ofensiva terrestre contra os milicianos do grupo xiita libanês pró-iraniano Hezbollah.
Hoje de manhã, as tropas israelitas continuaram a bombardear diferentes pontos da Faixa de Gaza, causando novas vítimas mortais, incluindo várias crianças, segundo a agência noticiosa oficial palestiniana, Wafa.
A guerra em curso em Gaza foi desencadeada por um ataque sem precedentes do Hamas em Israel em outubro de 2023 que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.
Yahya Sinouar é apresentado como sendo o mentor dos ataques de 07 de outubro de 2023 e era o homem mais procurado do grupo islamita palestiniano na ofensiva israelita na Faixa de Gaza.
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