Embora, após quase cinco dias de apagão nacional total, o sistema elétrico cubano tenha sido reativado, o seu estado continua muito precário e o nível de funcionamento médio manteve-se em torno de 30%.
O apagão da semana passada deixou ainda extensas áreas -- sobretudo rurais e no leste do país -- sem capacidade para cobrir a procura.
A UNE prevê para hoje uma capacidade máxima de produção eléctrica de 2.080 megawatts (MW) para uma procura que atingirá os 2.980 MW.
O défice (a diferença entre a oferta e a procura) será de 900 MW e o impacto (o que de facto é desligado preventivamente) atingirá 970 MW no chamado "horário de pico", à noite.
A crise energética dos últimos anos em Cuba agravou-se desde o final de agosto e, antes do apagão total, os cortes no fornecimento já atingiam máximos históricos, com taxas máximas de impacto entre os 41 e os 51%.
Os apagões devem-se sobretudo à falta de combustível - fruto da falta de divisas para o importar - e às frequentes avarias nas obsoletas centrais termo-eléctricas do país, com mais de quatro décadas de funcionamento e um crónico défice de investimento.
Atualmente, sete das 20 unidades de produção de energia das sete centrais termoelétricas terrestres do país estão danificadas ou em manutenção, segundo a UNE.
Além disso, 24 centrais de geração distribuída (motores elétricos) estão paradas por falta de combustíveis (gasóleo e fuelóleo).
Nos últimos anos, o Governo cubano alugou várias centrais flutuantes para mitigar a falta de capacidade de produção de energia, uma solução rápida, mas cara e poluente, que não resolve o problema estrutural do sistema energético nacional.
Os frequentes cortes no fornecimento de eletricidade prejudicam a economia cubana -- que em 2023 contraiu 1,9%, segundo dados oficiais -- e geram descontentamento social numa sociedade já gravemente afetada por uma crise económica há quatro anos.
Os apagões desencadearam também protestos antigovernamentais, incluindo os de 11 de julho de 2021 -- os maiores em décadas --, os de Nuevitas e Havana em agosto e setembro de 2022, e os de 17 de março em Santiago de Cuba e outras localidades.
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