FINUL. Alvo de 30 incidentes este mês, maioria atribuída a Israel

A missão das Nações Unidas no Líbano (FINUL) foi alvo de mais de 30 "incidentes" desde o início de outubro, dos quais cerca de 20 atribuídos ao exército israelita, afirmou hoje o seu porta-voz.

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© Ramiz Dallah/Anadolu via Getty Images)

Lusa
30/10/2024 20:18 ‧ 30/10/2024 por Lusa

Mundo

Médio Oriente

"Desde o dia 01 de outubro, a FINUL registou mais de 30 incidentes que resultaram em danos a bens ou instalações da ONU ou em ferimentos a soldados da paz", disse Andrea Tenenti, numa conferência de imprensa por videoconferência.

 

A missão, acrescentou o representante, "conseguiu atribuir cerca de 20 destes incidentes a disparos ou ações das forças armadas israelitas, dos quais pelo menos sete foram deliberados".

"O que é particularmente preocupante são os incidentes em que as forças de manutenção da paz, no cumprimento da sua missão, bem como as nossas câmaras, luzes e torres de observação, foram deliberadamente atingidas pelas forças armadas israelitas", insistiu.

Na terça-feira, um foguete "provavelmente disparado pelo Hezbollah ou por um grupo afiliado" atingiu o quartel-general da FINUL em Naqoura, referiu o porta-voz.

Nesse dia, oito soldados austríacos da FINUL sofreram ferimentos ligeiros.

Quanto aos restantes incidentes, "cerca de uma dúzia", admitiu o representante que "não foi possível determinar a origem do fogo".

"Para ser claro, as ações das FDI [Forças de Defesa de Israel] e do [movimento xiita libanês] Hezbollah colocam em perigo as forças de manutenção da paz", insistiu o porta-voz.

A FINUL sublinhou hoje que as suas tropas "permanecem nas suas posições" no sul do Líbano e prosseguem as suas atividades, "adaptadas" a uma situação marcada pelo permanente fogo cruzado entre as Forças de Defesa de Israel e o grupo xiita Hezbollah.

A missão tem acusado repetidamente as forças israelitas de visarem deliberadamente posições e instalações dos denominados "capacetes azuis".

Israel, por seu lado, alega que o Hezbollah está a utilizar estes militares como escudos humanos e instou a FINUL a retirar-se.

As forças israelitas têm levado a cabo no último mês pesados bombardeamentos no sul e leste do Líbano, bem como em Beirute.

Desde 11 de outubro, a missão da ONU afirma ter sido alvo de vários ataques atribuídos a Israel.

Em meados de outubro, pelo menos cinco soldados de manutenção da paz ficaram igualmente feridos.

A FINUL, criada em março de 1978 pelo Conselho de Segurança da ONU, inclui militares oriundos de 50 países.

Entre os maiores contribuintes estão Indonésia, Itália, Espanha, França, Malásia, Gana, Índia e Irlanda.

O novo conflito no Médio Oriente foi desencadeado em 07 de outubro de 2023 com um ataque sem precedentes do grupo extremista palestiniano Hamas em solo israelita, que matou mais de 1.200 pessoas, sobretudo civis, e fez mais de duas centenas de reféns.

Israel retaliou com uma ofensiva em grande escala na Faixa de Gaza, que já deixou mais de 43 mil mortos, também maioritariamente civis, de acordo com as autoridades locais controladas pelo grupo palestiniano.

A guerra alastrou-se ao Líbano, onde, após quase um ano de trocas de tiros ao longo da fronteira israelo-libanesa, Israel lançou desde 23 de setembro um forte ataque contra o Hezbollah, que, segundo as autoridades de Beirute, já provocou mais de 2.800 mortos, a maioria dos quais no último mês, e cerca de 1,2 milhões de deslocados.

Leia Também: Israel quer que ACNUR substitua UNRWA

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