Oposição agradece ao Brasil por não reconhecer resultados na Venezuela
A Plataforma Unitária Democrática (PUD), que agrupa os principais partidos opositores venezuelanos agradeceu quinta-feira ao Brasil por não reconhecer, por falta de transparência, os resultados das eleições presidenciais de 28 de julho.
© YURI CORTEZ/AFP via Getty Images
Mundo Venezuela
"Desde as forças políticas agrupadas na PUD, agradecemos a posição do Brasil na busca da verdade e do respeito à soberania popular na Venezuela" afirma a PUD na X, antigo Twitter.
Na mesma rede social, a PUD sublinha que a posição do Brasil "não é mais do que a prova de que o mundo livre, tal como nós venezuelanos, continua a exigir o respeito pela voz do povo, que se expressou de forma contundente com a votação de 28 de julho".
"Condenamos, por isso, a resposta virulenta do regime de Nicolás Maduro à reiterada e firme posição do Brasil, que, como a grande maioria da comunidade internacional, não reconhece a fraude perpetrada contra a soberania popular e exige a publicação detalhada dos resultados eleitorais, juntamente com as respetivas atas", sublinham a PUD na X.
Em 29 de outubro último, o assessor para assuntos internacionais do Governo brasileiro, Celso Amorim, declarou que nas recentes eleições venezuelanas "não foi respeitado o princípio da transparência", razão pela qual a proclamada vitória do Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, não pode ser reconhecida.
Amorim, que foi ministro das Relações Exteriores durante os dois primeiros mandatos do atual Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, compareceu na Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados para explicar a posição do Brasil em relação ao turbulento processo eleitoral venezuelano.
O assessor explicou que, em suas tentativas de mediação, o Brasil tem se pautado pelos princípios da "defesa da democracia, da não ingerência nos assuntos internos e da resolução pacífica das controvérsias".
No entanto, Amorim sublinhou que como não foram publicados os resultados detalhados das eleições na Venezuela, nas quais as autoridades eleitorais proclamaram a vitória de Maduro, "o princípio da transparência não foi respeitado".
O assessor enfatizou que, por isso, o Brasil não reconhece ao resultado ou a vitória que a oposição atribui a Edmundo González Urrutia, hoje exilado na Espanha.
Em resposta o presidente da Assembleia Nacional (parlamento) da Venezuela, emitiu um duro comunicado no Instagram em que acusava Celso Amorim de ser "um agente" dos Estados Unidos de América e de querer manchar as eleições presidenciais venezuelanas.
Por outro lado, em 30 de outubro a Venezuela convocou o seu embaixador no Brasil, Manuel Vedell, para consultas, em resposta às declarações de Celso Amorim, de que Brasília não reconhece a eleição de Nicolás Maduro, Presidente venezuelano, por falta de transparência.
"Informa-se a comunidade nacional e internacional que, seguindo instruções do Presidente, Nicolás Maduro Moros, foi decidido convocar imediatamente o embaixador Manuel Vadel, que nos representa em Brasília, para consultas", afirmou o Governo venezuelano num comunicado.
A tensão com a Venezuela piorou na semana passada, quando o Governo liderado por Lula da Silva se recusou a aceitar a Venezuela como novo membro associado do fórum BRICS, fundado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
Essa posição foi considerada pela Venezuela como uma agressão e um gesto hostil, que enquadrou na "política criminosa de sanções que foram impostas contra um povo corajoso e revolucionário, como os venezuelanos".
Na última segunda-feira, Maduro pediu a Lula da Silva que comentasse o veto brasileiro à entrada da Venezuela no bloco diplomático do BRICS.
"Prefiro esperar que Lula [da Silva] observe, que esteja bem informado dos acontecimentos e que, como chefe de Estado, diga o que tem a dizer", disse Maduro durante sua transmissão semanal na televisão pública.
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