O arcebispo de Cantuária e líder espiritual da Igreja Anglicana, Justin Welby, demitiu-se, esta terça-feira, após ter sido acusado de inação face a um escândalo sobre abusos sexuais, cometidos por um voluntário num acampamento cristão.
A decisão surgiu depois de milhares de pessoas terem assinado uma petição eletrónica, coordenada por membros do sínodo ou assembleia da comunhão maioritária no Reino Unido, a pedir a sua demissão imediata.
"Os últimos dias renovaram o meu sentimento de vergonha, há muito sentido e profundo, perante as falhas históricas de proteção da Igreja de Inglaterra", afirmou Welby numa declaração, citado pela agência de notícias Reuters.
"Espero que esta decisão torne clara a seriedade com que a Igreja de Inglaterra compreende a necessidade de mudança e o nosso profundo empenho em criar uma igreja mais segura. Ao demitir-me, faço-o com a tristeza de todas as vítimas e sobreviventes de abusos", acrescentou.
Em causa está a divulgação de um relatório, há cinco dias, que concluiu que a inação do arcebispo permitiu a continuação de alegados crimes cometidos ao longo de décadas pelo falecido advogado canadiano John Smyth, alegadamente autor de abusos sexuais, físicos e psicológicos de mais de 100 crianças na sua qualidade de líder de um acampamento cristão.
O chamado relatório Makin revelou que Smyth submeteu as vítimas a crimes "brutais e horríveis" durante cerca de 40 anos. O advogado mudou-se para África em 1984 e continuou a cometer os abusos até perto da sua morte, em 2018.
O líder da Igreja Anglicana teve conhecimento do caso quando tomou posse, em 2013. De acordo com o relatório, se as alegações tivessem então sido denunciadas às autoridades, poderia ter havido uma investigação completa e Smyth poderia ter sido condenado antes de morrer.
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