Moçambique. Três jornalistas desaparecidos desde a detenção na 4.ª-feira

A Organização Não Governamental (ONG) Media Institute of Southern Africa (MISA Moçambique) denunciou hoje o desaparecimento de dois jornalistas sul-africanos e um moçambicano, que cobrem os protestos no país, desde quarta-feira, dia em que foram detidos.

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Lusa
15/11/2024 15:43 ‧ 15/11/2024 por Lusa

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Moçambique

"O MISA Moçambique tomou conhecimento, com bastante preocupação, do desaparecimento, na última quarta-feira, em Maputo, de dois jornalistas sul-africanos que se deslocaram ao país para a cobertura das manifestações pós-eleitorais"; lê-se numa nota enviada à Lusa, na qual se acrescenta que além desses "mais um jornalista moçambicano, que acompanhava os colegas sul-africanos, também está desaparecido".

 

A ONG cita uma publicação de hoje do Centro para Democracia e Direitos Humanos (CDD) que afirma que os jornalistas sul-africanos Bongani Sizibiba e Sbonelo Mkhasibe, que trabalham para o canal nigeriano de notícias NewsCentral Africa TV, estão desaparecidos há dois dias, tendo sido vistos pela última vez em Maputo.

"A News Central TV expressa a sua profunda preocupação pela detenção da nossa corresponde sul-africana, Bongani Siziba, e do nosso operador de câmara, Sbonelo Mkhasibe, que foram detidos quando cobriam os acontecimentos em Maputo", escreve também a agência espanhola de notícias, a EFE, citando um comunicado da televisão nigeriana.

No texto, a estação televisiva da Nigéria escreve que "apesar dos esforços, não foi possível estabelecer contacto direto desde a sua detenção" e acrescenta que está a "colaborar com as autoridades relevantes e os canais diplomáticos para garantir que sejam postos em liberdade imediatamente e de forma segura".

No comunicado original que dá conta da detenção e do subsequente desaparecimento, o Centro para a Democracia e Direitos Humanos afirmou que os jornalistas "foram detidos e mantidos sem comunicações" desde quarta-feira.

"Todos os esforços para os contactar fracassaram; as autoridades não deram nenhuma explicação sobre a sua situação ou sobre os motivos pelos quais foram retidos sem contactos com o exterior", escreve a ONG.

Esta iniciativa, denuncia a organização, "mostra a intenção de silenciar a cobertura internacional da atual crise em Moçambique".

Pelo menos 11 pessoas morreram e outras 16 foram baleadas desde quarta-feira em três províncias moçambicanas nas manifestações de contestação de resultados das eleições, revelou hoje a plataforma eleitoral Decide.

Moçambique está hoje no terceiro dia da quarta fase de paralisações de contestação dos resultados eleitorais convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, que nega a vitória de Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), com 70,67% dos votos.

Esta fase segue-se aos protestos nas ruas que paralisaram o país nos dias 21, 24 e 25 de outubro, e à paralisação geral de vários dias convocada também por Mondlane, com protestos nacionais e uma manifestação em Maputo, a 07 de novembro, que provocou o caos na capital, com barricadas, pneus em chamas e disparos de tiros e gás lacrimogéneo pela polícia, durante todo o dia, para dispersar.

Venâncio Mondlane anunciou que as manifestações de protesto são para manter até que seja reposta a verdade eleitoral.

Leia Também: Missão da CPLP questiona transparência eleitoral em Moçambique

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