Nomeado de Trump assinalado por tatuagem ligada a supremacistas brancos

O veterano do exército dos EUA nomeado por Donald Trump para liderar o Departamento de Defesa, Pete Hegseth, foi assinalado por um ex-colega como possível "ameaça interna" por ter uma tatuagem associada a grupos de supremacia branca.

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© Terry Wyatt/Getty Images

Lusa
16/11/2024 06:44 ‧ 16/11/2024 por Lusa

Mundo

EUA

Pete Hegseth, que desvalorizou o papel dos militares e veteranos no ataque de 06 de janeiro de 2021 ao Capitólio, na sequência da derrota de Trump nas presidenciais de 2020, e criticou os esforços subsequentes do Pentágono para enfrentar o extremismo nas fileiras, disse que foi afastado pela sua unidade de servir como guarda de Joe Biden durante a sua tomada de posse como Presidente em janeiro de 2021.

 

Segundo assegurou, o seu afastamento, pela Guarda Nacional do Exército do Distrito de Columbia, foi decidido por uma "injusta identificação como extremista" com base numa tatuagem em forma de cruz que tem no peito.

 Esta semana, no entanto, um colega da Guarda Nacional, que era, na altura, gestor de segurança da unidade e fazia parte de uma equipa antiterrorismo, afirmou, em declarações à agência Associated Press, ter enviado um e-mail aos responsáveis da unidade dando conta de uma tatuagem diferente, com um desenho que tem sido utilizado por supremacistas brancos e referindo que se trata de um indício de uma "ameaça interna".

Segundo DeRicko Gaither, o aviso foi dado depois de ter recebido um e-mail com uma captura de ecrã de uma publicação de redes sociais que incluía duas fotos mostrando várias tatuagens de Hegseth.

 Gaither garantiu ter pesquisado as tatuagens - incluindo uma de uma cruz de Jerusalém acompanhada das palavras ("Deus Vult" "Deus Quer" em latim) no seu bíceps - e determinou que era, suficientemente associadas a grupos extremistas para levar o e-mail aos seus comandantes.

 Várias das tatuagens de Hegseth estão associadas a uma expressão de fé religiosa, de acordo com Heidi Beirich, do Projeto Global Contra o Ódio e o Extremismo, mas também foram adotadas por alguns grupos de extrema-direita e extremistas violentos.

"O seu significado depende do contexto", disse, em declarações à Associated Press (AP).

Nem Hegseth nem a equipa de transição para a presidência de Donald Trump fizeram quaisquer comentários sobre a situação.

 Uma investigação publicada em outubro pela AP indica que mais de 480 norte-americanos com antecedentes militares foram acusados de crimes extremistas com motivação ideológica entre 2017 e 2023, incluindo os mais de 230 detidos no âmbito da insurreição de 06 de janeiro de 2021.

Os números, recolhidos e analisados pelo Consórcio Nacional para o Estudo do Terrorismo e Respostas ao Terrorismo (START), da Universidade de Maryland, constituem apenas uma pequena fração daqueles que serviram nas Forças Armadas dos Estados Unidos, mas, segundo a investigação da AP, as conspirações que envolvem ex-militares têm maior probabilidade de acabar com um grande número de vítimas.

Hegseth, tal como muitos apoiantes de Trump, tem desvalorizado tanto a gravidade do motim no Capitólio - quando a 06 de janeiro de 2021 e incitados pelo ainda Presidente Trump, centenas de partidários se reuniram para protestar contra o resultado da eleição presidencial de 2020, justamente na data em que as duas casas legislativas iam ratificar a vitória de seu oponente, Joe Biden - como o papel de pessoas com formação militar.

O agora nomeado para o Departamento de Defesa, que é apresentador do canal de televisão Fox desde 2017, adotou uma abordagem diferente relativamente à condenação generalizada que se fez sentir no dia a seguir ao ataque.

Num painel na Fox News, Hegseth retratou a multidão como patriotas que "amam a liberdade" e o país e que tinham "despertado novamente para a realidade do que a esquerda fez" aos Estados Unidos.

 Das 14 pessoas condenadas no ataque ao Capitólio por conspiração sediciosa, oito tinham servido nas Forças Armadas. Embora a maioria das pessoas com antecedentes militares detidas na sequência do 06 de janeiro já não estivessem no ativo, mais de 20 continuavam no exército aquando do ataque, de acordo com o START.

 Hegseth escreveu no seu livro "A guerra contra os guerreiros: por detrás da traição dos homens que nos mantêm livres", publicado no início deste ano, que apenas "um punhado" de soldados e reservistas estiveram no Capitólio nesse dia e defendeu que o Pentágono reagiu de forma exagerada ao tomar medidas para enfrentar o extremismo.

O perfil de Hegseth elaborado pela AP refere ainda que este no exército durante quase 20 anos e foi destacado para o Iraque, Afeganistão e Baía de Guantánamo, tendo recebido duas medalhas.

Durante esse período, tomou medidas para apoiar os criminosos de guerra condenados e disse recentemente ter ordenado ao seu pelotão que ignorasse as diretivas que limitam a possibilidade de disparar.

Numa entrevista em 'podcast' divulgada no início deste mês, disse estar orgulhoso do seu papel na obtenção de indultos dados por Trump em 2019 a um ex-comando do exército dos EUA que será julgado pelo homicídio de um alegado fabricante de bombas afegão, e a um ex-tenente do exército condenado por homicídio por ordenar aos seus homens que disparassem contra três afegãos, matando dois.

A pedido de Hegseth, Trump ordenou ainda uma promoção de Eddie Gallagher, um SEAL da Marinha condenado por posar com um prisioneiro morto do Estado Islâmico no Iraque.

Leia Também: Zelensky prevê que guerra termine "mais cedo" com administração Trump

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