"É mais responsável fundarmos a IA nos Direitos Humanos"

A investigadora Virginia Dignum defende, em entrevista à Lusa, que "é mais responsável" fundar a inteligência artificial (IA) nos Direitos Humanos do que numa ética que "é difusa e difícil" de concordar em quais são os valores.

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Lusa
23/11/2024 11:08 ‧ 23/11/2024 por Lusa

Mundo

Inteligência Artificial

Virginia Dignum, que é professora de IA na Universidade Umeå, Suécia, e integra o órgão de Alto Nível das Nações Unidas sobre inteligência artificial, é oradora principal da conferência DemocracI.A., no II Encontro Sustentável da Plataforma para o Crescimento Sustentável (PCS), que se realiza em Serralves, no Porto, em 25 de novembro.

 

"Garantir ética em si é extremamente difícil", afirma a investigadora portuguesa, quando questionada sobre o tema.

Os estudos éticos mostram que desde há 10.000 ou 5.000 anos "não temos uma definição comum e aceitável do que é que é ética e do que é que é uma resolução ética, de quais é que são os princípios éticos que são aceitáveis e, principalmente, quais é que são as interpretações desses princípios que sejam universais", argumenta.

Portanto, "não há uma ética universal, há valores universais, mas nem todos esses valores são interpretados da mesma maneira por todo lado", sublinha a especialista.

"A ética não é a base em que temos que fundar a IA", mas é preciso "começar por aquilo em que concordamos globalmente", defende.

E isso são "os direitos fundamentais, os Direitos Humanos fundamentais", enfatiza a investigadora portuguesa.

Trata-se de "uma interpretação da ética geral, de uma maneira que foi acordada e que é aceite por a grande maioria dos países no mundo, não quer dizer que todos as respeitem, mas [...] que é uma interpretação ética que é aceite e que foi aceite por todos os países", explica.

Nesse sentido, "penso que é mais responsável fundarmos a IA nos Direitos Humanos do que numa ética que é difusa e difícil de concordar em quais é que são os valores", remata.

Recentemente, a investigadora participou num encontro organizada pela Pontifícia Academia de Ciências, que reuniu cientistas de várias direções, não só de inteligência artificial, mas também de astronomia, biologia, de ciências sociais.

Segundo a responsável, reuniu um grupo muito grande de cientistas, entre os quais Demis Hassabis, que recebeu o prémio Nobel da Química.

O encontro debruçou-se sobre o papel da Humanidade na era antropoceno, que é uma era em que o mundo é construído pelos humanos em vez de ser o universo em que os humanos se tentam adaptar. Ou seja, em que os desenvolvimentos digitais e IA são as grandes bases.

Leia Também: "Grande desafio da IA é a governança global"

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