"Homem do poço". Cadáver com 800 anos pode confirmar lenda nórdica

Reza a lenda que, em 1197, um corpo foi atirado para um poço pelos sitiantes do castelo de Sverresborg, nos arredores de Nidaros, atualmente a cidade de Trondheim, no centro da Noruega. Afinal, a história poderá ter um fundo de verdade.

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Notícias ao Minuto
02/12/2024 10:38 ‧ há 1 hora por Notícias ao Minuto

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Noruega

Os restos mortais de um homem cuja morte foi registada num texto nórdico com mais de 800 anos poderá ter sido descoberto por uma equipa de arqueólogos da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia.

 

Reza a lenda que, em 1197, um corpo foi atirado para um poço pelos sitiantes do castelo de Sverresborg, nos arredores de Nidaros, atualmente a cidade de Trondheim, no centro da Noruega. A saga de Sverris relata a vida do rei norueguês Sverre Sigurdsson, que subiu ao poder no final do século XII, um período de instabilidade política e de guerra civil que se prolongou durante décadas após a sua morte, em 1202.

“Nunca poderemos ter 100% de certeza de que os restos mortais no poço são os do homem descrito na saga, mas as provas circunstanciais e científicas são muito convincentes. Num julgamento hipotético, se um júri fosse confrontado com as provas científicas e o texto da saga, sei que ficaria convencido de que encontrámos a vítima”, apontou o coautor do estudo publicado em novembro na revista iScience, Michael Martin, da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia.

Uma das passagens da saga de 182 versos, que terá sido escrita por um abade islandês próximo do rei, descreve a forma como, em 1197, os inimigos católicos de Sverre Sigurdsson saquearam a fortaleza em Sverresborg, enquanto o monarca estava em Bergen. Os atacantes entraram no castelo por uma porta secreta enquanto os vigia, conhecidos como Birkebeiner, estavam a comer.

“Levaram todos os bens que estavam no castelo e depois queimaram todas as casas. […] Pegaram num homem morto e atiraram-no de cabeça para dentro do poço. Depois, empilharam pedras até o poço ficar cheio”, lê-se na saga.

Se o incidente tivesse realmente acontecido, os historiadores suponham que a vítima seria um Birkebeiner e que os Baglers, como os atacantes eram conhecidos, tencionavam humilhar o rei o contaminar a água do poço, numa forma primitiva de guerra biológica.

Em 1938, arqueólogos encontraram, a cerca de sete metros de profundidade e enterrado sob várias camadas de pedras, um esqueleto humano. Com o brotar da Segunda Guerra Mundial, o exército alemão ocupou a zona e o “homem do poço” ficou onde estava.

Já em 2014 e 2016, uma equipa liderada pela arqueóloga Anna Petersén retomou a escavação e, sob montes de lixo ali deixados pelas forças nazi, exumou parcialmente os restos mortais de um homem com entre os 30 e os 40 anos. A vítima tinha cerca de 1,75 metros de altura e foi atirada ao poço com um sapato de couro calçado. Não tinha um pé, nem o braço esquerdo, e o crânio, que estava separado do corpo, sustinha ferimentos provocados por um objetivo contundente e vários cortes, provavelmente infligidos antes da morte.

Através da datação por radiocarbono do esqueleto, os estudiosos apuraram que o homem tinha “uma idade convencional de 940 anos”, consistente com a data do ataque dos Baglers ao castelo de Sverrisborg, como descrito na saga de Sverris.

Como o genoma do ADN do homem não tinha sido preservado de forma adequada, Martin Ellegard obteve uma amostra de ADN de um dos dentes da vítima, cuja análise deu conta de que o indivíduo tinha cabelo louro ou castanho claro e olhos azuis. A comparação do seu genoma com o dos noruegueses modernos indicou que o homem era do sul da Noruega. Este facto foi uma surpresa, já que os homens de Sverre eram do centro da Noruega. Significa isto que os Baglers podem ter atirado um dos seus para o poço.

“Mostrámos que as sagas não são inteiramente ficção, o que talvez fosse um sentimento partilhado pelo público, embora certamente não pelos historiadores. E penso que isso ajudará as pessoas a apreciar melhor o conteúdo das sagas”, disse.

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