O juiz Alaa Masarwa ordenou que Feldstein ficasse restrito à sua residência, ao fim de um mês sob custódia policial.
Os meios avançaram que a procuradoria recorreu desta decisão, pedindo um adiamento de 48 horas da sua aplicação.
Feldstein está acusado de divulgar informação classificada à imprensa estrangeira, que contrariava a pretensão de um acordo para a libertação de reféns, o que a acusação alega que poderia ter causado "um dano significativo aos interesses da defesa de Israel e expor fontes de informação que se utilizam para salvar vidas".
Por seu lado, Masarwa disse hoje que as provas, em relação a esta acusação, são "débeis", mas que as relativas aos delitos de divulgação de informação classificada e difusão da mesma nos meios de comunicação são suficientes.
Segundo a acusação, apresentada em 21 de novembro, um oficial do exército, cujo nome não foi divulgado, enviou a Feldstein, em abril, a foto de um documento 'top secret' para o fazer chegar a Netanyahu.
No início de setembro, Feldstein divulgou esta informação a meios para contrariar os protestos subsequentes à morte de seis reféns na Faixa de Gaza.
Também hoje, o diretor do Shin Bet (serviço de informações interno), Ronen Bar, denunciou que procuram debilitar a instituição, com acusações de tortura aos detidos pelas revelações à imprensa.
Em carta publicada na imprensa, Bar referiu-se às acusações de Netanyahu, sem o nomear, sobre os alegados maus-tratos a Feldstein e ao militar, considerando que "têm como objetivo debilitar a organização, incluindo em tempos de guerra".
Nos últimos dias, Netanyahu garantiu que aqueles detidos tinham sido submetidos a condições duras para os forçar a testemunharem contra si.
"Mantêm-nos numa habitação com as luzes acesas durante 24 horas, algemados, com os olhos vendados, e interrogados entre 18 e 20 horas, como se fossem terroristas", disse o primeiro-ministro.
Bar indiciou que o Shin Bet "vai continuar o seu trabalho de acordo com a lei".
No seu texto, publicado pelo Canal 12, Bar especificou que se investigaram 19 casos de fugas de informação relacionadas com o Exército, o próprio Shin Bet e o serviço de informações Mossad, desde o ataque do movimento islamita palestiniano Hamas, em 07 de outubro de 2023, alguns dos quais motivaram acusações e sanções.
Bar indicou que só se chegou ao gabinete do primeiro-ministro com o desenvolvimento das investigações, não como parte de um ataque a Netanyahu.
"O Shin Bet não foi chamado para investigar o roubo de documentos e a divulgação de informação pelo que estava escrito neles, mas sim para proteger o processo através do qual se obteve" a informação classificada, acrescentou.
Realçou que as investigações foram feitas com os métodos habituais, detalhando: "Sem torturar os investigados" e "sob supervisão externa e judicial".
Por outro lado, criticou de forma indireta o primeiro-ministro por não admitir a sua responsabilidade pelo 07 de outubro de 2023.
"Tanto quanto sei, os membros do setor da defesa, incluindo eu próprio, foram os primeiros, e até à data quase os únicos, a admitir a sua responsabilidade", insistiu Bar, que foi o primeiro dirigente israelita a apresentar desculpas públicas pelas falhas que permitiram o ataque do Hamas.
Bar insistiu em que o Shin Bet está a favor da abertura de uma comissão estatal que investigue o ocorrido em 07 de outubro, ao que Netanyahu se tem oposto, com o argumento de que isso iria afetar o curso da guerra.
Uma comissão independente que está a investigar aqueles factos, em que morreram mais de 1.200 personas e 251 foram sequestradas, concluiu na terça-feira que o governo de Netanyahu, e ele em particular, ignoraram "as advertências" sobre um ataque do Hamas.
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