Incursão de Kyiv na Rússia e escalada no armamento marcam ano de guerra

Sem paz à vista, a guerra dos ucranianos contra a invasão russa ficou este ano marcada pela incursão de Kyiv em território russo na região de Kursk e por uma escalada no tipo de armamento usado no conflito.

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© Getty Images/Diego Herrera Carcedo/Anadolu

Lusa
11/12/2024 09:23 ‧ há 2 horas por Lusa

Mundo

Ucrânia/Rússia

No princípio de agosto, tropas ucranianas passaram à ofensiva e atravessaram a fronteira, reclamando a conquista de cerca de mil quilómetros quadrados em uma semana.

 

A Ucrânia já tinha levado a guerra a território russo, mas nunca com uma ofensiva desta dimensão, empenhando centenas de militares, artilharia e blindados.

O contra-ataque de Moscovo não se fez esperar e em cerca de três meses, os cerca de 50 mil militares russos destacados para Kursk foram recuperando localidade após localidade, saldando-se a incursão ucraniana num fracasso estratégico, pois não conseguiu manter a conquista territorial nem enfraquecer o controlo russo sobre as zonas ocupadas ou evitar a ocupação de ainda mais parcelas da Ucrânia.

O Presidente ucraniano, Volodyyr Zelensky, passou o ano a encontrar-se com líderes dos países que apoiam o esforço de guerra, insistindo nos pedidos que desde 2022 têm dividido aliados: mais armas, adesão à NATO, adesão à União Europeia e autorização para o uso de armas mais destruidoras contra os russos.

No final de novembro, o Presidente norte-americano que está de saída, Joe Biden, autorizou a Ucrânia a usar sistemas de armas capazes de lançar mísseis a mais de 300 quilómetros de distância, que permitiriam a Kyiv atacar alvos bem dentro do território da Rússia.

Ao longo do ano, o Presidente russo, Vladimir Putin advertiu que consideraria qualquer ataque à Rússia com armas fornecidas por aliados ocidentais da Ucrânia como um ataque desses países, reiterando a ameaça de que a Rússia poderá responder com armas nucleares a ataques convencionais.

A 22 de novembro, Putin subiu a parada, atingindo a cidade de Dnipro com um novo míssil hipersónico que foi inicialmente identificado como míssil balístico intercontinental.

Foi também no mês passado que Moscovo começou a usar outro trunfo: cerca de 10.000 militares norte-coreanos - na estimativa ocidental - chegaram à Rússia e começaram a lutar ao lado de tropas russas.

O impacto do apoio do regime de Kim Jong-Un - que já tinha fornecido munições e armamento à Rússia - no conflito ainda está por avaliar, mas sinalizou mais um passo no alargamento de um conflito que desde 24 de fevereiro de 2022 continua a ameaçar a segurança do continente europeu, levando vários países a aumentar investimentos em defesa e, no caso de vizinhos da Federação Russa, a reforçar fronteiras.

O futuro ocupante da Casa Branca, o regressado Donald Trump, venceu as presidenciais norte-americanas deste ano e, mesmo antes de tomar posse, procurou demonstrar que está empenhado em conseguir que Moscovo e Kyiv negoceiem uma trégua.

Depois de se encontrar com Zelensky em Paris este fim de semana, Trump afirmou estar a "trabalhar ativamente" para conseguir um acordo, ao mesmo tempo que admitiu reduzir o apoio militar norte-americano à Ucrânia durante o seu mandato

Zelensky também admitiu no início de dezembro abertura para negociar um cessar-fogo, reiterando a adesão à NATO como condição.

Ao longo do ano, a Rússia visou várias vezes infraestruturas de energia ucranianas, pressionando ainda mais a população civil, desgastada por mais de mil dias de guerra.

Embora não haja estimativas confirmadas do número de baixas do conflito desde 2022, o número mais recente avançado por Zelensky situa-as em 43 mil militares mortos e 370.000 feridos.

Moscovo não confirma, mas de acordo com os serviços secretos militares britânicos, só em novembro, Moscovo terá perdido mais de 45 mil homens.

Leia Também: EUA aprovam manutenção no valor de 266 milhões a F-16 ucranianos

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