Até ao primeiro debate televisivo presidencial, em 27 de junho, com Joe Biden ainda como candidato democrata, as sondagens favoreciam Trump e tudo parecia correr de feição para os republicanos.
No entanto, ironicamente, foi o fraco desempenho de Biden nesse debate que reacendeu a luta pela vitória, quando o Presidente em exercício se retirou da corrida, dando lugar à candidatura da sua vice-presidente, Kamala Harris, que revitalizou a campanha com uma plataforma progressista que incluía reformas no sistema de justiça criminal, ampliação do acesso à saúde e defesa dos direitos reprodutivos das mulheres.
Ao assumir a candidatura democrata, Kamala Harris enfrentou o difícil desafio de consolidar a sua imagem perante o eleitorado num período de campanha excecionalmente curto.
Contudo, logo nas primeiras semanas, Harris demonstrou nas sondagens um desempenho mais eficaz do que o de Biden e conseguiu reunir muitos milhões de dólares de donativos para financiar o esforço de campanha.
A plataforma política de Harris centrou-se na criação de uma "economia de oportunidades", com propostas destinadas a beneficiar a classe média, incluindo a concessão de benefícios fiscais com o nascimento de um filho, auxílio para a compra da primeira casa e estímulo à criação de empresas.
Contudo, apesar do apelo das suas propostas, Harris revelou sempre dificuldade em romper com a imagem de uma figura do Governo impopular de Biden, bem como de responder aos eleitores preocupados com questões como imigração e inflação.
A campanha de Trump enfrentou desafios significativos, incluindo duas tentativas de assassinato: em 13 de julho, durante um comício em Butler, Pensilvânia, onde foi ferido na orelha por um disparo; e a 15 de setembro, no Trump International Golf Club, na Florida, com a detenção de um suspeito.
Apesar destes incidentes, Trump manteve uma campanha centrada em políticas de linha dura, prometendo selar a fronteira sul para combater a imigração ilegal e revitalizar a economia através de tarifas protecionistas.
O candidato republicano adotou uma postura ainda mais isolacionista do que a que tinha ensaiado no seu primeiro mandato (2017-2021), propondo reduzir o envolvimento dos EUA em conflitos internacionais e reavaliar alianças tradicionais, como a NATO.
Para reforçar a sua base de apoio, Trump escolheu como candidato a vice-presidente JD Vance, senador do Ohio e antigo crítico que se tornou um dos seus mais fervorosos apoiantes; Harris, por sua vez, foi buscar ao Minnesota o seu governador, Tim Walz, conhecido pela sua abordagem assertiva contra figuras republicanas mais radicais.
Na reta final, as sondagens indicavam um empate técnico, com os estados flutuantes --- Arizona, Carolina do Norte, Geórgia, Michigan, Nevada, Pensilvânia e Wisconsin --- a desempenharem um papel crucial.
Trump acabaria por assegurar a vitória ao conquistar a maioria destes estados, ultrapassando facilmente os 270 votos necessários no colégio eleitoral (312 votos contra 226 de Harris) e, igualmente importante, o seu Partido Republicano manteve a maioria na Câmara de Representantes (220 lugares contra 215) e recuperou a maioria no Senado (53 lugares contra 47).
O segundo mandato de Trump promete ser tão ou mais controverso do que o primeiro, depois das suas promessas de retaliação contra opositores políticos, o endurecimento das políticas de imigração, assumindo uma postura isolacionista na política externa que poderá redefinir o papel dos Estados Unidos no cenário global.
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