"Meu Deus". Prisioneiro sírio libertado após 3 meses em cela sem janela

O homem, que não sabia que o regime de Assad tinha caído, mostrou-se incrédulo. Veja o momento.

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Notícias ao Minuto
12/12/2024 12:28 ‧ há 2 horas por Notícias ao Minuto

Mundo

Síria

Durante uma investigação às prisões do regime do presidente sírio Bashar al-Assad, em Damasco, a jornalista da CNN Clarissa Ward deparou-se com uma cela trancada. No interior, Ward assegurou que viu um cobertor mexer-se. De facto, debaixo da manta estava um prisioneiro que tinha sido abandonado pelos seus captores, sem água ou comida, pelo menos há quatro dias.

 

Impelido pelos rebeldes que acompanhavam a equipa da CNN, o homem destapou-se e assegurou ser um civil. Quando se convenceu de que estava fora de perigo, o prisioneiro contou à jornalista que estava naquela cela sem janela há três meses.

“Meu deus, a luz”, disse, ao dirigir-se para o exterior, agarrado à jornalista e a um soldado rebelde.

“Fique comigo, fique comigo”, apelou.

“Não soube nada da minha família durante três meses. Não tive notícias dos meus filhos”, continuou o homem.

O homem, que não sabia que o regime de Assad tinha caído, mostrou-se incrédulo quando o soldado o informou que “não há mais exército, não há mais prisões” e a “Síria está livre”.

“Está a falar a sério?”, questionou, de olhos esbugalhados, antes de o beijar na testa.

O homem revelou que agentes do regime trouxeram-no até ali, desde a sua residência em Homs, para o questionar sobre nomes de terroristas. Disse ainda que foi agredido e, cada vez que entrava num veículo, era vendado.

“Está tudo bem. A Cruz Vermelha vai ajudá-lo. Está seguro, não tenha medo”, asseguram.

A jornalista confessou, através da rede social X (Twitter), que este foi "um dos momentos mais extraordinários" que já presenciou em quase 20 anos de profissão.

Desde o início da guerra na Síria, em 2011, desencadeada pela repressão brutal das manifestações pró-democracia, mais de 100 mil pessoas morreram nas prisões sírias, nomeadamente sob tortura, estimou o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH) em 2022.

Recorde-se que o presidente da Síria, Bashar al-Assad, fugiu com a família no domingo e pediu asilo político na Rússia, depois de uma coligação de rebeldes ter conseguido tomar Damasco e anunciado o fim de cinco décadas de poder da família.

A coligação vitoriosa é liderada pela Organização Islâmica de Libertação do Levante (Hayat Tahrir al Sham, ou HTS, em árabe) e inclui fações pró-turcas.

Os rebeldes lançaram uma ofensiva relâmpago em 27 de novembro a partir da cidade de Idlib, um bastião da oposição, e conseguiu expulsar em poucos dias o exército de Assad das capitais provinciais de Alepo, Hama e Homs, abrindo caminho para Damasco.

Os rebeldes islamitas que derrubaram o regime sírio nomearam Mohammad al-Bashir como novo primeiro-ministro responsável pela transição na Síria.

O partido Baath, no poder na Síria há mais de 50 anos, anunciou a suspensão das suas atividades "até nova ordem".

Leia Também: Celebra-se o fim da dinastia Assad na 1.ª noite sem recolher obrigatório

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