"Sei que posso fazer muito mais fora dos muros da prisão, mas não vou deixar que a prisão me silencie. Nunca", afirmou a ativista de 52 anos, galardoada com o Prémio Nobel da Paz no ano passado pela sua luta contra a opressão das mulheres no Irão e pela promoção dos direitos humanos.
Narges Mohammadi foi repetidamente condenada e presa nos últimos 25 anos por se opor à pena de morte e ao uso obrigatório do véu pelas mulheres.
Mohammadi, temporariamente libertada a 04 de dezembro por três semanas devido à remoção de um tumor benigno na perna e para ser submetida a um enxerto ósseo, falou com o Comité Nobel norueguês no domingo, por videoconferência, pela primeira vez desde a sua distinção com o Nobel da Paz.
"A República Islâmica [do Irão] quer silenciar todas as vozes da oposição no país", afirmou a ativista iraniana em farsi.
"Mesmo que me queiram silenciar a mim e a ativistas como eu, o que é que vão fazer com o povo iraniano? O povo do Irão levantou-se", disse.
Narges Mohammadi denunciou ainda o "assassinato silencioso de presos políticos" no Irão.
"Devo ser livre para continuar o meu trabalho", sublinhou ainda a ativista.
De acordo com o seu comité de apoio, Narges Mohammadi encontra-se atualmente numa residência privada, onde pode circular livremente.
Segundo os seus apoiantes, a sua libertação provisória só foi possível mediante o pagamento de uma fiança de 8,5 mil milhões de toman (unidade monetária iraniana não oficial, cerca de 75.000 euros, ao câmbio atual).
"Uma suspensão de 21 dias não é suficiente", tinha já declarado a Fundação Narges Mohammadi em comunicado, defendendo que depois de mais de 10 anos de prisão, a ativista precisa de cuidados médicos "especializados num ambiente seguro".
O organismo defendeu ainda a "libertação imediata e incondicional ou, pelo menos, a uma extensão da suspensão da sua pena para três meses".
O Comité Nobel defendeu também a libertação em definitivo da ativista.
Antes desta libertação provisória, a galardoada estava a cumprir pena na secção feminina da prisão de alta segurança de Evin, no norte de Teerão. Ausente da cerimónia de entrega do Nobel da Paz em Oslo em dezembro de 2023, a ativista foi representada pelos filhos, os gémeos Ali e Kiana Rahmani, que vivem exilados com o pai em Paris.
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